Rev Cuid. 2020; 11(3): e1318
http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.1318
EDITORIAL
COVID-19: Um grande desafio para a saúde pública e a economia na Colômbia
María Mercedes Ferreira Cáceres1, Cindy Gabriela Ramírez Cuadros2, Piedad Gabriela Matta Oyola3, Yislem Audrey Barrera Cruz4
Histórico
Recebido: 17 de junho de 2019
Aceito: 10 de julho de 2020
Publicado: 1 de setembro de 2020
Como citar este artigo: Ferreira Cáceres M, Ramírez Cuadros C, Matta Oyola P, Barrera Cruz Y. COVID-19: Un gran desafío para la salud pública y la economía de Colombia. Revista Cuidarte. 2020; 11(3):e1318. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.1318
Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0)
A pandemia da Covid-19 está gerando uma grande crise global na qual os países em desenvolvimento parecem ser os mais afetados, e na América Latina e no Caribe é preocupante devido às precárias condições de trabalho e o alto índice de pobreza. O mercado de trabalho colombiano está sendo seriamente afetado pelo isolamento social adotado para retardar a propagação da COVID-191, no entanto, as perdas humanas e econômicas causadas por esta pandemia são inúmeras e não discriminam ninguém. Enfrentar este inimigo invisível com prudência e sabedoria será a maior conquista de nossa história e como alcançar isso será nosso mais precioso legado para as gerações futuras.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda ações coordenadas e de grande alcance que sejam suficientes para fazer frente à magnitude do problema de saúde pública que estamos passando atualmente. Além disso, as Nações Unidas estão fazendo um apelo para gerar uma estratégia global, multilateral e solidária que proporcione ao mundo não apenas a cura ao vírus, mas também soluções para as consequências de uma crise socioeconômica que está se agravando nas comunidades e nações mais vulneráveis2.
A economia de um país depende de múltiplos atores e está em nossas mãos construir um futuro onde as mortes humanas não ocorram devido à crise econômica, pobreza e indiferença de um sistema de saúde frágil e instável3, pois então a luta para cuidar da vida terá sido em vão. Se medidas mais agressivas de política pública não forem tomadas rapidamente, a taxa de desemprego poderia facilmente ultrapassar 20%, como foi o caso da recessão de 1999. O fato de haver um aumento maciço no desemprego e a quebra do tecido empresarial pode pressupor que esta crise terá efeitos persistentes em um mercado de trabalho que já estava deprimido1 quando surgiu a doença que, aparentemente, irá se perpetuar. Nesse contexto, a pandemia deixou mulheres, idosos, jovens, trabalhadores informais, micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), o setor informal e grupos em situações humanitárias e de conflito em um estado vulnerável. Assim, uma queda na produtividade que leve a uma depressão econômica seria o cenário mais sombrio, podendo representar talvez uma verdadeira doença da qual será difícil se recuperar10. Não se trata de recomeçar completamente, mas sim de recuperar a vida produtiva, proteger a saúde e as pessoas em maior risco e mais vulneráveis.
No contexto da Colômbia, é importante mencionar que a economia, para o ano de 2019, teve um aumento de 3,3% comparado a 0,1% da América Latina e do Caribe, dados tomados da CEPAL, 20204. Esta é a razão pela qual se esperava continuar com este aumento durante este ano, no entanto, para o primeiro trimestre, dois atores afetaram seriamente a economia mundial: primeiramente, a disseminação da Covid-19; e, por sua vez, a queda dos preços do petróleo. Foram prognosticados prejuízos milionários para cada mês; estes números econômicos variam entre US$4,6 trilhões e US$59 trilhões por mês, números que representam entre 0,5% e 6,1% do PIB nacional5. Hoje, o ramo da economia é o mais afetado pela Covid-19, porém, atividades como turismo, alimentação, serviços administrativos e imobiliários, construção e comércio formal e informal são as áreas mais atingidas pela pandemia6.
Os efeitos negativos no âmbito econômico são múltiplos e, em muitas ocasiões, complexos para serem resolvidos. Se falamos do trabalho formal, imediatamente surgem questões como a queda dos salários ou as demissões trabalhistas, sejam elas justificadas ou não9; em relação ao trabalho informal, há a disjunção entre obter o sustento e se expor ao vírus ou a uma sanção econômica por não cumprir com o distanciamento social obrigatório. Estima-se que 42,4% do emprego corresponde a setores considerados em risco e com o mais alto grau de afetação pelas medidas de isolamento social; as MPMEs estão em uma situação realmente difícil não apenas no setor de serviços que está à beira da falência, mas também famílias inteiras que estão na incerteza e na ansiedade de como se protegerem umas às outras, enquanto observam à distância como suas economias ou empréstimos afundam junto com as extensões das quarentenas, cujo intuito é reduzir o número de pessoas doentes, mas sem ter nada a ver com o número de desempregados1.
Sem uma possibilidade definitiva para controlar esta emergência sanitária a nível mundial, as medidas estabelecidas pela OMS para evitar a transmissão rápida e descontrolada do vírus Sars cov2 são essenciais, bem como os protocolos de biossegurança apropriados que permitirão, através de várias estratégias, a reativação das áreas produtivas da sociedade, como um mecanismo para evitar uma maior contração econômica; ou é possível, segundo estimativas, que a dívida bruta do Governo nacional atinja 61% do PIB em 2020, aumentando em 10,7 pontos em relação a 20197.
Este problema de interesse internacional na saúde pública adquire uma perspectiva moral quando os direitos sociais, econômicos e de saúde convergem8 e, de acordo com as previsões do Banco Interamericano de Desenvolvimento, está começando uma recessão na qual não só os profissionais de saúde, o sistema de saúde e as políticas públicas estão sendo testados, mas também as instituições do Estado e, naturalmente, os chefes de Governo são os que estão enfrentando o desafio de controlar esta pandemia e de aplicar medidas para fazer frente ao desemprego e à queda do Produto Interno Bruto. Assim, surge o dilema quanto a sobrepor a economia aos direitos humanos ou tratá-los de forma comparável e, embora possa ser complexo e enganoso, é possível chegar a um ponto comum8. Aqueles com posições privilegiadas, a comunidade científica e todos aqueles com um grau de influência são chamados a desempenharem um papel crítico, ativo e construtivo para impulsionar os líderes estatais a protegerem tanto a vida quanto a economia para, assim, assegurar e garantir que a oferta de bens e serviços permaneça ativa durante e após a pandemia3.
A humanidade deve assumir esta situação com sabedoria e uma visão holística, entendendo que a saúde pública e a economia fazem parte de um todo e não se excluem mutuamente. O isolamento social é a melhor ferramenta que temos por enquanto, no entanto, será que essa medida é sustentável para a sociedade e para os países em desenvolvimento?, qual é o número em cifras e em vidas humanas para suportar a pandemia que agora está ameaçando fortemente pela falta de recursos econômicos, razão pela qual muitas pessoas passando da pobreza à miséria3. É hora de encontrar o equilíbrio entre controlar a que talvez seja a infecção mais grave deste século e evitar que a pobreza piore esta situação em uma sociedade que se recusa a aceitar a existência de uma profunda recessão econômica e a perda de mais vidas humanas que se somam às estatísticas nacionais todos os dias. Estamos enfrentando o maior desafio em saúde pública e está na hora de orientar a economia para a saúde e para uma vida digna, bem como promover a saúde e proteger a economia.
Agradecimentos: Expressamos nosso agradecimento ao Dr. Wilson Cañón Montañez por sua colaboração na revisão desse manuscrito.
Conflito de interesses: Os autores declaram que não há conflito de interesses
REFERÊNCIAS