Rev Cuid. 2023; 14(1): e2531
http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.2531

RESEARCH ARTICLE

 

Cultura de Segurança do Paciente no Serviço Médico de Urgência: estudo transversal

 

Patient Safety Culture in the Emergency Medical Service: cross-sectional study

 

Cultura de Seguridad del Paciente en el Servicio de Emergencias Médicas: estudio transversal

 

 

 

Virgilio Malundo João1Bruna Moreno Dias2Marília Pilotto de Oliveira3 Ana Maria Laus4Andrea Bernardes5 Carmen Silvia Gabriel6

 

    1. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. E-mail: malundogido@yahoo.com.br
    2. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. E-mail: bruna.dias@usp.br Autor de correspondência
    3. Prefeitura Municipal de Sertãozinho, Sertãozinho, SP, Brasil. E-mail: mariliapilotto@gmail.com
    4. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. E-mail: analaus@eerp.usp.br
    5. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. E-mail: andreab@eerp.usp.br
    6. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil. E-mail: cgabriel@eerp.usp.br

 

    Highlights:

    • A atitude de segurança positiva foi observada no Clima de Trabalho em Equipe e na Satisfação no Trabalho

    • A atitude de segurança negativa foi observada no Clima de Segurança, no Reconhecimento de Estresse, na Percepção da Gestão e nas Condições de Trabalho

    • Para todas as categorias profissionais, houve melhor percepção da Satisfação no Trabalho e pior percepção da Gestão

    • Enfermeiros apresentaram pontuações inferiores na atitude de segurança, quando comparados a outras categorias profissionais

 


    Como citar este artigo: João, Virgilio Malundo; Dias, Bruna Moreno; Oliveira, Marília Pilotto de; Laus, Ana Maria; Bernardes, Andrea; Gabriel, Carmen Silvia.  Cultura de Segurança do Paciente no Serviço Médico de Urgência: estudo transversal. Revista Cuidarte. 2023;14(1):e2531.http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.2531

    Recebido: 13 de Novembro de 2021
    Aceito:
    20 de Outubro de 2022
    Publicado:
    01 de Março de 2022

     

    E-ISSN: 2346-3414


 

Resumo

 

Introdução: Os problemas relacionados à segurança do paciente no contexto pré-hospitalar são pouco explorados, porém essenciais, dada a vulnerabilidade para a ocorrência de incidentes. Objetivo: analisar o clima de segurança do paciente na perspectiva da equipe multiprofissional que atua no Atendimento Pré-Hospitalar Móvel (APH). Materiais e Métodos: estudo transversal, conduzido em um Atendimento Pré-Hospitalar Móvel. A coleta de dados foi realizada por meio do Safety Attitudes Questionnaire (SAQ), com amostragem por conveniência e taxa de participação de 94,3% dos profissionais elegíveis. Empregou-se estatística descritiva e o teste Mann-Whitney para análise de dados. Resultados: Dentre os 151 profissionais participantes, predominaram aqueles do sexo masculino (54,6%), auxiliares e técnicos de enfermagem (42,0%), atuantes há 10 ou mais anos (61,0%), em atendimentos adultos e pediátricos (93,4%). O SAQ Total apresentou mediana de 70, indicando percepção negativa dos participantes acerca da segurança do paciente no APH. Os domínios com percepção negativa foram: Clima de Segurança, Reconhecimento de Estresse, Percepção da Gestão e Condições de Trabalho; enquanto os domínios Clima de Trabalho em Equipe e Satisfação no Trabalho apresentaram percepção positiva. Na análise comparativa entre os profissionais, foram observadas diferenças entre algumas categorias para os domínios Satisfação no Trabalho, Reconhecimento de Estresse e Condições de Trabalho. Conclusões: Este estudo apresenta as peculiaridades dos serviços de médicos de emergência e a necessidade de sensibilizar profissionais e gestores acerca da temática segurança do paciente, com vistas a melhor compreensão do atual cenário e possibilidades de redução de eventos adversos para a melhoria da assistência ofertada.

 

Palavras-Chave: Segurança do Paciente; Equipe de Assistência ao Paciente; Serviços Médicos de Emergência; Assistência Pré-Hospitalar; Estudos Transversais.

 


Abstract

 

Introduction: Problems related to patient safety in the pre-hospital context are little explored, but essential, given the vulnerability to incidents. Objective: to analyze the patient safety climate from the perspective of the multidisciplinary team that works in Mobile Pre-Hospital Care (PHC). Materials and Methods: cross-sectional study, conducted in a Mobile Pre-Hospital Care. Data collection was performed through Safety attitudes Questionnaire (SAQ), with convenience sampling and participation rate of 94.3% of eligible professionals. Descriptive statistics and the Mann-Whitney test were used for data analysis. Results: Among the 151 participating professionals, males predominated (54.6%), nursing assistants and technicians (42.0%), working for 10 or more years (61.0%), in adult and pediatric care (93.4%). The SAQ Total had a median of 70, indicating a negative perception of the participants about patient safety in the APH. The domains with a negative perception were: Safety Climate, Stress Recognition, Management Perception and Working Conditions; while the Teamwork Climate and Job Satisfaction domains showed a positive perception. In the comparative analysis among professionals, differences were observed between some categories for the domains of Job Satisfaction, Stress Recognition and Working Conditions. Conclusions: This study presents the peculiarities of emergency medical services and the need to sensitize professionals and managers about patient safety, with a view to better understanding the current scenario and possibilities of reducing adverse events to improve the care offered.

KeyWords: Patient Safety; Patient Care Team; Emergency Medical Services; Prehospital Care; Cross-Sectional Studies.


Resumen

 

Introducción: Los problemas relacionados con la seguridad del paciente en el contexto prehospitalario son poco explorados, pero esenciales, dada la vulnerabilidad a incidentes. Objetivo: analizar el clima de seguridad del paciente desde la perspectiva del equipo multidisciplinario que actúa en la Atención Prehospitalaria Móvil (APS). Materiales y Métodos: estudio transversal, realizado en una Atención Prehospitalaria Móvil. La recolección de datos se realizó a través de Seguridad actitudes Cuestionario (SAQ), con muestreo por conveniencia y tasa de participación del 94,3% de los profesionales elegibles. Para el análisis de los datos se utilizó estadística descriptiva y la prueba de Mann-Whitney. Resultados: Entre los 151 profesionales participantes, predominaron los del sexo masculino (54,6%), auxiliares y técnicos de enfermería (42,0%), con 10 o más años de actuación (61,0%), en la atención de adultos y pediátrica (93,4%). El SAQ Total tuvo una mediana de 70, indicando una percepción negativa de los participantes sobre la seguridad del paciente en la APH. Los dominios con percepción negativa fueron: Clima de Seguridad, Reconocimiento del Estrés, Percepción de la Gestión y Condiciones de Trabajo; mientras que los dominios Clima de Trabajo en Equipo y Satisfacción Laboral mostraron una percepción positiva. En el análisis comparativo entre profesionales, se observaron diferencias entre algunas categorías para los dominios de Satisfacción en el Trabajo, Reconocimiento del Estrés y Condiciones de Trabajo. Conclusiones: Este estudio presenta las peculiaridades de los servicios médicos de emergencia y la necesidad de sensibilizar a los profesionales y gestores sobre la seguridad del paciente, con el fin de comprender mejor el escenario actual y las posibilidades de reducción de eventos adversos para mejorar la atención ofrecida.

Palabras Clave: Seguridad del Paciente; Grupo de Atención al Paciente; Servicios Médicos de Urgencia; Atención Prehospitalaria; Estudios Transversales.

 


 

Introdução 

A segurança do paciente tem sido objeto de interesse dos sistemas de saúde e dos pesquisadores, que, há cerca de 20 anos, têm se voltado para questões da sua melhoria, no que tange a estrutura, processos, procedimentos, comportamentos e cultura, com vistas a reduzir riscos e danos evitáveis, bem como reduzir o impacto do erro, quando ele ocorre1.

O progresso na segurança do paciente se deve aos relatórios e sistemas de aprendizagem, compromisso de liderança, políticas e ações práticas e, em especial, à proposição de uma cultura de segurança positiva1.

A Cultura de Segurança do Paciente (CSP), entendida como um conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam a segurança do paciente2, é fundamental para conduzir melhorias e garantir avanços substanciais, buscando alinhamento entre conhecimento e implementação de ações3. Considerada como um importante componente estrutural dos serviços, a cultura CSP favorece a implantação de práticas seguras e a diminuição de incidentes e erros, que possam levar a qualquer tipo de dano prevenível ao paciente nos serviços de assistência à saúde, os eventos adversos1,4.

Dessa forma, investir em uma cultura organizacional, que habilite e priorize a segurança, garantirá aos pacientes um cuidado seguro em todos os ambientes de assistência3.

Uma das formas de compreender a CSP se faz pela da mensuração do clima de segurança, que retrata a percepção do estado de segurança em determinado local e momento. Percepções mais positivas do clima de segurança estão associadas a menor ocorrência de incidentes e eventos adversos, além de resultados positivos em indicadores como tempo de permanência hospitalar, readmissão e mortalidade5.

Para mensuração do clima de segurança, o Safety Attitudes Questionnaire (SAQ) tem sido uma opção de escolha, em função da facilidade de compreensão6. O SAQ foi desenvolvido por Sexton e colaborares, em 20067, para aplicação em diversas áreas assistenciais, como ambulatórios, setores de internação, centro cirúrgico e unidades de terapia intensiva. O questionário permite a mensuração das atitudes dos profissionais em seis domínios relacionados à segurança do paciente, a saber: Clima de Segurança, Clima de Trabalho em Equipe, Percepções da Gestão, Satisfação no Trabalho, Condições de Trabalho e de Reconhecimento de Estresse7.

Ainda que a compreensão da CSP seja relevante em todos os serviços de saúde, observa-se que em ambientes extra-hospitalares este tema é pouco abordado. Especificamente nos serviços de Atendimento Pré-Hospitalar (APH), os problemas relacionados à segurança do paciente são pouco investigados e, consequentemente, subestimados8.

No âmbito da segurança do paciente no APH, revisão integrativa da literatura aponta lacuna de estudos nesta área, ainda que este seja um ambiente que lida com pacientes críticos e tomada de decisão rápida, com impacto direto no desfecho do atendimento9. Complementarmente, a revisão destaca elementos como o conhecimento de protocolos, a comunicação em equipe, a qualidade dos registros e as capacitações como possíveis temas para melhoria da qualidade nesses serviços9.

As atividades prestadas nos serviços de APH, destinadas às situações de urgência e emergência, são entendidas como complexas, dinâmicas, desafiadoras e estressantes, por este motivo, são mais vulneráveis à ocorrência de eventos adversos10. Tais serviços são prestados por equipe multiprofissional e se caracterizam pela necessidade de atendimento ao paciente em um curto espaço de tempo, em razão da condição clínica do paciente, elevando os riscos a que estão expostos11.

A atenção às urgências, no cenário brasileiro, tem se desenvolvido nas últimas duas décadas principalmente por meio da regulamentação e implantação da Política Nacional de Atenção às Urgências e implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) e das Unidades de Pronto Atendimento (UPA); estratégias voltadas para organização de um sistema integrado de atenção às urgências12.

Considerando que o SAMU é um importante componente da atenção às urgências12 e que a segurança do paciente depende de melhorias em todos os contextos e serviços de saúde, inclusive no atendimento pré-hospitalar3, especialmente porque as situações de urgência e emergência podem dificultar as ações de segurança, podendo resultar em comportamentos e em atitudes falhas no que tange às ações de segurança; esse estudo se volta para os profissionais do serviço de atendimento móvel de urgência.

Compreender a cultura de segurança deve ser o ponto de partida para iniciar o planejamento de ações que garantam o cuidado de saúde seguro13, de modo que se constitua em uma ferramenta estratégica para instituições e gestores14. Adicionalmente, no âmbito da pesquisa, a elaboração de estudos sobre a cultura, tal como enfatizado no Programa Nacional de Segurança do Paciente, permitirá a produção, sistematização e expansão do conhecimento da segurança do paciente15.

A especificidade do atendimento prestado nos serviços médicos de urgência e a imprescindibilidade da oferta de assistência segura, apontam para a necessidade de compreender e conhecer a percepção da equipe multiprofissional dos serviços de APH Móvel acerca da cultura de segurança do paciente. Frente ao exposto, o objetivo deste estudo foi analisar o clima de segurança do paciente na perspectiva da equipe multiprofissional que atua no atendimento pré-hospitalar móvel.

 

Materiais e Métodos

Estudo transversal, de abordagem quantitativa, conduzido no serviço público de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192) da cidade de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.

O serviço opera sete dias por semana, em regime de 24 horas ininterruptas; tem em sua frota ativa um total de 17 ambulâncias, sendo duas de categoria D (unidade de suporte avançado), 12 de categoria B (unidade de suporte básico) e três de categoria A (unidade de transporte simples).

A população do estudo foi constituída pelos profissionais que atuam nas unidades de suporte básico e avançado, composta por dez enfermeiros, cinco técnicos de enfermagem, 63 auxiliares de enfermagem, 25 médicos e 57 condutores de veículo de urgência; totalizando 160 profissionais. Foram considerados elegíveis todos os profissionais atuantes no serviço, à exceção daqueles que estivessem de licença saúde ou afastamento por tempo indeterminado, férias e aqueles que atuam em cargo de chefia. Amostra por conveniência, com participação 151 dos 160 profissionais elegíveis (94,3% da população); as nove perdas se deram em razão de recusa.

A coleta de dados foi realizada no período de julho a outubro de 2019. Os participantes foram abordados pessoalmente pelo pesquisador em seus locais de trabalho, nos turnos diurno e noturno, sendo considerada a disponibilidade de horário da instituição e dos participantes.

Para coleta de dados foi utilizada a versão brasileira do Safety Attitudes Questionnaire (SAQ), traduzido e validado para o português. Trata-se de um instrumento autoaplicável, composto por duas partes, sendo que na primeira constam 41 itens distribuídos em 6 domínios, a saber: Clima de Trabalho em Equipe (CTE), Clima de Segurança (CS), Satisfação no Trabalho (ST), Reconhecimento de Estresse (RE), Percepção da Gestão (PG) e Condições de Trabalho (CT). Na segunda parte do instrumento, constam dados de caracterização sociodemográfica, composta pelas variáveis: sexo, cargo, tempo na especialidade e atuação16.

O domínio Percepção da Gestão, originalmente, é composto por duas partes, Administração da unidade e Administração do hospital16. Para efeito deste estudo, não foram considerados os cinco itens relacionados à Administração do hospital, uma vez que não são aplicáveis ao cenário de estudo. Desta forma, foram considerados 36 itens e nos seis domínios do SAQ.

Para cada um dos itens, os participantes foram solicitados a responder baseados em uma escala de concordância de 5 pontos, sendo que o escore varia de 0 a 100, em que zero é a pior percepção do clima de segurança e 100 a melhor percepção. Para cada um dos domínios foram calculadas as médias, considerando válido para o cálculo, aqueles com preenchimento de, pelo menos, 50% dos itens do domínio. Para análise do valor final, SAQ total, os valores iguais ou superiores a 75 foram considerados como de forte concordância em questões de segurança do paciente, classificados como atitude de segurança positiva, enquanto valores inferiores a 75 foram classificados como atitude de segurança negativa16.

Os dados coletados foram duplamente digitados em planilhas eletrônicas no software Microsoft Excel 2020, com posterior verificação de consistência da digitação. Para composição do banco de dados e análise, foi utilizado o software IBM SPSS Statistics versão 25.

Foi empregada estatística descritiva para caracterização dos participantes e dos domínios do SAQ. Para análise da confiabilidade do questionário, foi aplicado o coeficiente alfa de Cronbach, que varia em uma escala de 0 a 1, sendo considerados ideais coeficientes superiores a 0,717. A normalidade foi verificada por meio do teste de Shapiro-Wilk. O teste Kruskal-Wallis foi utilizado para comparação entre categorias profissionais; a escolha desse teste se deu em razão do número de participantes em cada grupo de comparação e comportamento das variáveis, que não apresentaram distribuição normal. Foi realizado o modelo de regressão log-binomial para análise de fatores relacionados à atitude de segurança. Foi considerando nível de significância de 5% e intervalo de confiança de 95%.

Os preceitos éticos previstos na Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde foram assegurados. O estudo foi submetido à apreciação e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em 14 de maio de 2019, sob parecer número: 3.324.444.

 

Resultados 

Participaram deste estudo 151 dos 160 profissionais elegíveis; as nove perdas se deram em razão de recusa e o estudo contou com taxa de resposta de 94,3%. Predominaram participantes do sexo masculino (54,6%) e o cargo de auxiliares e técnicos de enfermagem (42,0%). Os profissionais relataram atuação em APH móvel por período superior a 10 anos (61,0%) e atuação em atendimentos para adultos e pediatria (93,4%). Todos os participantes possuem vínculo empregatício efetivo, selecionados por meio de concurso público municipal (Tabela1).

 

Tabela 1. Caracterização dos participantes, segundo variáveis demográficas e de trabalho (n=151). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2021.

 

Variáveis

Frequências

n

%

Gênero

    Homem

    Mulher

    Não informado

Cargo

    Técnico/Auxiliar de Enfermagem

    Condutor de Veículo de Urgência

    Médico Assistencial

    Enfermeiros

    Médico Regulador

    Médico Residente

Atuação Principal

    Adulto

    Adulto e Pediatria

    Não informado

Tempo na Especialidade

    Menos de 5 anos

    5 a 10 anos

    11 a 20 anos

    21 anos ou mais

    Não informado

 

87

63

1

 

64

53

15

10

8

1

 

6

141

4

 

20

39

62

29

1

 

57,6

41,7

0,7

 

42,0

35,1

9,9

6,6

5,3

0,7

 

4,0

93,4

2,6

 

13,2

25,8

41,1

19,2

0,7

A confiabilidade do instrumento foi mensurada com a utilização do alfa de Cronbach, que teve valor de 0,86 para o instrumento como um todo, SAQ Total; e demonstrou boa confiabilidade (valores superiores a 0,7) em quatro domínios (Tabela2).

 

Tabela 2. Coeficiente alfa de Cronbach, segundo domínios do Questionário de Atitudes de Segurança (n=151). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2021.

Domínio

Números de Itens

Números Válidos

Alfa de Cronbach

Clima de Trabalho em Equipe

Clima de Segurança

Satisfação no Trabalho

Reconhecimento de Estresse

Percepção da Gestão

Condições de Trabalho

6

7

5

4

6

4

151

151

150

151

148

141

0,486

0,582

0,636

0,770

0,758

0,713

SAQ Total

36

151

0,860

O SAQ Total apresentou mediana de 70 e intervalo interquartil (IIQ) de 16,3, indicando percepção geral negativa dos participantes acerca de questões de segurança do paciente. Ao observar os domínios destaca-se que dois apresentam percepção positiva, Clima de Trabalho em Equipe (75; 21) e Satisfação no Trabalho (95; 15). Os domínios com percepção negativa foram: Clima de Segurança, Reconhecimento de Estresse, Percepção da Gestão e Condições de Trabalho, sendo que o domínio percepção da Gestão foi o que apresentou valores mais baixos (55,5; 32) (Tabela3).

 

Tabela 3. Análise descritiva dos escores do questionário de atitudes de segurança, segundo domínios (n=151). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2021.

Domínio

Mediana

Intervalo interquartil

Mínimo - Máximo

p-valor*

Clima de Trabalho em Equipe

Clima de Segurança

Satisfação no Trabalho

Reconhecimento de Estresse

Percepção da Gestão

Condições de Trabalho

SAQ total

75

68

95

63

55,5

67

70

21

22

15

46

32

42

16,3

33,0 – 100

29,0 – 100

45,0 – 100

0,0 – 100

4,0 – 100

0,0 – 100

38,0 - 95,0

< ,001

0,005

< ,001

< ,001

0,267

< ,001

0,323

* Teste de Shapiro-Wilk.

 

Ao comparar as categorias profissionais (Tabela4), o domínio Condições de Trabalho foi o único com diferença significativa entre grupos (p = 0,010). De maneira geral, para todos os grupos observa-se maior pontuação no domínio Satisfação no Trabalho e menor pontuação para a Percepção da Gestão. Na pontuação total, os enfermeiros apresentam menor pontuação, enquanto médicos reguladores apresentam maior pontuação.

Tabela 4. Comparação de escores obtidos por domínio entre as categorias profissionais (n = 151). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2021.

Domínio

Enfermeiro

Médicos

Médico Regulador

Técnico e Auxiliar de Enfermagem

Condutor de Veículo de Urgência

p-valor*

Clima de Trabalho em Equipe

Clima de Segurança

Satisfação no Trabalho

Reconhecimento de Estresse

Percepção da Gestão

Condições de Trabalho

SAQ total

73 (23,5)

64,5 (34,3)

92,5 (22,5)

56,5 (28)

46 (23,5)

46 (20,8)

63,8 (15,6)

81 (14)

64 (23,5)

77,5 (36,3)

63 (25,3)

48 (30,8)

54 (33,3)

67,5 (13,8)

79 (16,5)

73 (42,8)

95 (10)

87,5 (16)

62,5 (32,5)

71 (30,3)

71,3 (19,4)

75 (20)

68 (22,8)

95 (15)

56 (39,5)

59 (28)

75 (40)

67,5 (15)

79 (18)

71 (29)

95 (10)

63 (50)

54 (36,3)

67 (58)

70 (20)

0,229

0,570

0,172

0,078

0,413

0,010

0,422

*Teste Kruskal-Wallis.

 

Na Tabela5 observam-se os fatores relacionados à atitude de segurança, adotando-se a atitude de segurança positiva a pontuação igual ou superior a 75 pontos. Neste modelo, observa-se que variáveis de gênero, tempo de atuação na especialidade e cargo não têm associação com a atitude de segurança.

Tabela 5. Modelo de regressão log-binomial de fatores relacionados à atitude de segurança (n = 151). Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil, 2021.

Variáveis

Positiva

n (%)

Negativa

n (%)

p-valor

Odds ratio

(IC 95%)

Gênero

    Masculino

    Feminino

Tempo na especialidade

    Menos de 5 anos

    5 a 10 anos

    11 a 20 anos

    21 anos ou mais

Cargo

    Enfermeiros

    Médicos

    Médico regulador

   Técnico/Auxiliar de Enfermagem

   Condutor de Veículo de Urgência

0
32 (36,78)
18 (28,57)
0
5 (25,00)
15 (38,46)
16 (25,81)
13 (44,83)
0
1 (10,00)
4 (25,00)
3 (37,50)
20 (31,25)
22 (41,51)
0
55 (63,22)
45 (71,43)
0
15 (75,00)
24 (61,54)
46 (74,19)
16 (55,17)
0
9 (90,00)
12 (75,00)
5 (62,50)
44 (68,75)
31 (58,49)
0
0
0,928
0
0
0,341
0,930
0,224
0
0
0,336
0,255
0,202
0,111
0
ref.
10,45 (0,40 - 2,72)
0
ref.
18,37 (0,53 - 6,43)
10,57 (0,31 - 3,61)
22,44 (0,61 - 8,25)
0
ref.
32,53 (0,29 - 36,05)
43,80 (0,34 - 55,84)
40,93 (0,47 - 35,72)
63,32 (0,65 - 61,37)

Discussão 

Os achados deste estudo apontam para uma atitude de segurança negativa, uma vez que a mediana do SAQ foi inferior a 75 pontos.

Resultados semelhantes foram observados em outros estudos nacionais, em diferentes contextos, como em três hospitais localizados no estado do Ceará18 e em três Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Estado do Piauí19.

No contexto de situações de urgência e emergência, também foi observada a percepção negativa em uma unidade de emergência de um hospital de grande porte no Estado de São Paulo10 e em um hospital público de urgência em Goiás20.

A despeito da percepção negativa no SAQ Total, foram observadas atitudes positivas nos domínios Clima de Trabalho em Equipe e Satisfação no Trabalho.

Em diversos estudos, a Satisfação no Trabalho tem sido apontada como domínio de atitude de segurança positiva10,18,21. No estudo realizado nos hospitais do Ceará, este domínio foi o que obteve maior escore18, a maioria dos profissionais de unidade de emergência demonstrou satisfação no trabalho10 e, em um hospital público de ensino do interior de São Paulo, este foi o único domínio com percepção positiva sobre a atitude de segurança22.

De forma similar, uma instituição de nível terciário na Colômbia, por meio da utilização do Hospital Survey on Patient Safety Culture, identificou o trabalho em equipe e as dimensões de aprendizagem organizacional e melhoria contínua como pontos fortes da cultura de segurança dessa instituição23. Estudo realizado em dois hospitais da Arábia Saudita apontou uma correlação negativa significativa entre o número de EA e o clima de trabalho em equipe, satisfação no trabalho e condições de trabalho24.

Assim como o trabalho em equipe, a satisfação no trabalho é uma das características fundamentais para a consolidação de uma cultura positiva em qualquer ambiente de assistência à Saúde14. Por outro lado, profissionais insatisfeitos apresentam elevadas taxas de rotatividade, com impacto negativo na segurança do paciente25.

Entende-se que, o envolvimento dos trabalhadores de diversos setores e níveis nas discussões acerca da segurança do paciente promove a integração e a contribuição com a instituição, unindo esforços e potencializando o surgimento de ideias e a realização de atividades com um alto desempenho26, reforçando a compreensão da responsabilidade coletiva e a consolidação da cultura de segurança.

Tais achados, apontam para a compreensão da ST e TE como pontos fortes do serviço de APH em estudo, indicando potencial positivo desses domínios para a melhoria de segurança do paciente.

A percepção positiva para os domínios de Clima de Trabalho em Equipe e Satisfação no Trabalho; e a percepção negativa para os demais domínios (Clima de Segurança, Reconhecimento de Estresse, Percepção da Gestão e Condições de Trabalho) foram constatadas na percepção de profissionais de enfermagem de três UTI do Estado do Piauí19.

No que concerne à percepção da gerência, valores baixos também foram observados no contexto hospitalar18 e em uma unidade de emergência10, indicando uma percepção da falta de foco da gerência nas questões atinentes à segurança; as pontuações reduzidas neste domínio têm como possíveis fatores a possível instabilidade de vínculo empregatício ou o modelo de retaliação10,18. Em contrapartida, o apoio da gerência e as condições de trabalho são fatores que ampliam o escopo de atividades e responsabilidades para a melhoria da segurança do paciente14.

Os domínios Condições de Trabalho e Reconhecimento do Estresse, avaliados negativamente pelos participantes deste estudo, permeiam a percepção de atitudes de segurança do paciente no contexto do APH. São reconhecidos fatores que influenciam negativamente esses domínios: o desequilíbrio entre demanda de serviço e disponibilidade de recursos humanos ou materiais9, a exposição a violências físicas, abusos verbais e assédios sexuais durante suas atividades laborais27, a ocorrência de acidentes de trabalho e riscos ocupacionais28, além de questões pertinentes à qualidade de vida, como dor, desconforto e fatores do ambiente físico, como condição climática e exposição a ruídos, poluição e trânsito29.

Adicionalmente, considera-se que os investimentos em infraestrutura, base para as condições de trabalho, são indispensáveis para se atingir e manter as condições mínimas de segurança em instituições de alto risco30.

Os achados deste estudo para os domínios RE e CT refutam a percepção positiva de trabalhadores de saúde de um serviço médico de emergência na Espanha. Ainda que no estudo espanhol tenham sido identificados fatores positivos relacionados ao número de profissionais, condições de trabalho, apoio do superior imediato e trabalho em equipe, os autores do estudo apontam para a necessidade de ampliar ações educativas dos profissionais acerca da segurança do paciente, além de sugerir a implantação de um sistema de notificação e registro de eventos adversos31.

Na análise comparativa entre os profissionais, foram observadas diferenças entre grupos apenas no domínio Condições de Trabalho. De maneira geral, os enfermeiros apresentam menor pontuação nos domínios e escore geral, enquanto médicos reguladores apresentam maior pontuação.

Em um hospital de ensino no interior de São Paulo, ao comparar a percepção de segurança de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, foram observadas diferenças para todos os domínios, exceto RE, com registro de pontuações superiores para os enfermeiros22.

Em trabalhos internacionais, em razão das diferenças na composição da força de trabalho em saúde, são mais recorrentes as comparações entre enfermeiros e médicos. Em hospitais albaneses foram observadas diferenças nas pontuações dos domínios trabalho em equipe, reconhecimento do estresse, satisfação no trabalho e condições de trabalho6; e, de fora similar, em hospitais da Arábia Saudita, os enfermeiros apresentaram percepção negativa no trabalho em equipe e os médicos nas condições de trabalho; o que sugere que médicos e enfermeiros parecem entender de forma diferente as atitudes de segurança24.

Ainda que não tenham sido identificados estudos no contexto do APH, voltados para a análise e a comparação da percepção de atitudes de segurança na perspectiva da equipe multiprofissional, cabe enfatizar que os níveis mais elevados de segurança e qualidade das instituições são alcançados por meio da criação de um ambiente de apoio para toda a equipe envolvida na assistência à saúde5.

Pesquisas sobre a temática de Cultura de Segurança do Paciente têm sido desenvolvidas, majoritariamente, em ambientes hospitalares, sendo necessário avançar as análises para o contexto extra-hospitalar. O instrumento utilizado neste estudo tem sido aplicado em diferentes países e contextos, apesar de possuir itens direcionados ao contexto hospitalar, o que pode ser considerado como uma limitação do estudo. Adicionalmente, entende-se como limitação os valores moderados do Alfa de Cronbach nos domínios “Clima de Trabalho em Equipe” e “Clima de Segurança”, no entanto, tendo em vista o valor obtido no escore total, entende-se que a consistência interna do instrumento seja válida para esta amostra. Apesar das limitações apresentadas, entende-se que os achados apresentados fornecem subsídios para identificação de fatores positivos e pontos de melhoria no atendimento pré-hospitalar móvel.

Este estudo contribui com pesquisadores, profissionais e gestores, na medida em que considera cenário extra-hospitalar e todas as categorias profissionais envolvidas no atendimento pré-hospitalar; além de identificar os domínios e as categorias profissionais em que são possíveis melhorias relacionadas à segurança do paciente.

 

Conclusão

Este estudo se configura como inédito no contexto dos serviços médicos de emergência, cenário em que se observou a percepção negativa em relação ao clima de segurança do paciente, na perspectiva da equipe multiprofissional.

Ainda que a avaliação dos domínios de Clima de Trabalho em Equipe e Satisfação no Trabalho tenha se mostrado positiva, há pontos de melhoria nos demais domínios, a saber: Clima de Segurança, Reconhecimento de Estresse, Percepção da Gestão e Condições de Trabalho.

Na análise comparativa entre os profissionais, foram observadas diferenças entre algumas categorias para os domínios Satisfação no Trabalho, Reconhecimento de Estresse e Condições de Trabalho. Tais achados apontam para necessidade maior envolvimento de todas as categorias profissionais em temáticas pertinentes à segurança do paciente.

O estudo apresenta as peculiaridades deste tipo de serviço de saúde e a necessidade de sensibilizar os profissionais e os gestores acerca da temática segurança do paciente, com vistas a melhor compreensão do atual cenário e possibilidades de redução de eventos adversos e melhoria da assistência à saúde.

 

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