Rev Cuid. 2022; 13(1): e2568
http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.2568

 

EDITORIAL

 

¿Podemos ver o mundo igual? Interdisciplinaridade no cuidado paliativo

Liana Magreth Peñaranda Ospina1 Fabio Stefant Iglesias Meza2 Alejandra Maria Alvarado Garcia3

 

  1. Universidad Cooperativa de Colombia, Bucaramanga, Colombia. Email: liana.penaranda@campusucc.edu.co    Autor de correspondência
  2. Hospital Geriátrico San Miguel Cali, Colombia.  Email: figlesias02@uan.edu.co  
  3. Universidad Antonio Nariño, Bogotá, Colombia. Email: alalvarado39@uan.edu.co

 

Recibido: 7 de dezembro de 2021
Aceptado: 25 de janeiro de 2022
Publicado: 8 de fevereiro de 2022

 


Como citar este artigo: Peñaranda Ospina Liana Magreth, Iglesias Meza Fabio Stefant, Alvarado Alejandra. ¿Podemos ver el mundo igual? interdisciplinariedad en el cuidado paliativo. Revista Cuidarte. 2022;13(1):e2568. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.2568


  E-ISSN: 2346-3414

 

 

Os cuidados paliativos segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) são aqueles cuidados que buscam melhorar a qualidade de vida das pessoas e das suas famílias quando afrontam problemas físicos, psicológicos, sociais ou espirituais inerentes a uma doença potencialmente mortal1; no mundo se estima que ao redor de 40 milhões de pessoas requerem cuidados paliativos, mas só 14% a recebem, igualmente a OMS indica que 78% das pessoas que necessitam cuidados paliativos vivem em países em via de desenvolvimento2, o que revela uma grande de necessidade de atenção paliativa não só à pessoa doente como também à sua família.

 Os requerimentos na atenção paliativa a nível mundial, estão de mão dados com o aumento do envelhecimento que conflui de maneira progressiva e quase simultânea com as manifestações de desgaste orgânico e  os processos de saúde e doença enquadrados no entorno e na biografia do indivíduo, embora não se deva desconhecer que as personas em qualquer idade e em qualquer etapa de doença grave são candidatos para receber cuidados paliativos podendo requerer diferentes enfoques de atenção segundo as necessidades próprias de cada indivíduo3, por outra parte o conhecimento baseado na genética, há permitido a hipótese da vida, mas a realidade do entorno do indivíduo está influída desde antes do nascimento, a história nutricional, uso de tabaco,  exposição a tóxicos ambientais e ao ciclo vital se há  definido como causantes das alterações epigenéticas, que podem contribuir nas condiciones de doenças plausíveis de cuidados paliativos nas suas etapas avançadas.

Estas mudanças que em geral marcam o desenvolvimento de uma sociedade medido pela maior esperança de vida, tem no seu interior um grupo de população que cresce silenciosamente, pessoas que nascem com alterações severas que dificultam sua vida e a das suas famílias, outras que veem suas vidas truncadas de maneira inesperada, e outro grupo que cresce significativamente mas de maneira mais previsível, a população envelhece; para isso a OMS aborda vários  objetivos encaminhados para melhorar a qualidade de vida e proporcionar conforto,  ainda mais tendo em conta a severidade e variabilidade dos sintomas, sendo indispensável que o pessoal da saúde avalie  as necessidades destas pessoas e das suas famílias incluindo as esferas  físicas, emocionais, sociais, espirituais e de suporte sanitário4.

É por isso que é necessário um cuidado paliativo interdisciplinar dentro da atenção a pessoas com doenças avançadas e incuráveis, entendendo a  interdisciplinaridade como o intercâmbio das experiências e as competências  entre grupos de diferentes profissionais na atenção em saúde5, já não bastam dois conhecimentos (o do médico e o da enfermeira), não se há fabricado uma terapêutica que controle a dor, os sintomas desagradáveis e o sofrimento das pessoas e suas famílias, sendo necessário integrar diferentes profissionais para  brindar cuidados paliativos competentes enfocados no manejo de ditos sintomas,  permitindo uma atenção uniforme vista desde diferentes perspectivas promovendo assim uma atenção integral e digna garantindo as condições necessárias para brindar cuidados paliativos e de fim da vida6.

Na literatura existem estudos que demostram que o cuidado paliativo interdisciplinar  permite à pessoa processar esta nova fase do cuidado, incluindo o uso do tempo e espaço mediado por uma equipe clínica compreensivo que se estende à família e aos cuidadores nos cuidados paliativos7, uma menor carga para os cuidadores e uma melhor coordenação do cuidado, da mesma forma, o cuidado paliativo interdisciplinar aumenta o  bem-estar das pessoas dado que todos os integrantes da equipe interdisciplinar se encaminham numa mesma direção, inclusive são fundamentais na identificação de necessidades de pessoas que podem requerer cuidados paliativos de maneira precoce8.

Cada profissional intervém desde seu conhecimento  e ao juntá-los não só muda a perspectiva do cuidado senão também a possibilidade de conformar modelos de atenção integral centrados nos requerimentos específicos da pessoa e a família na situação paliativa, para o qual é fundamental construir relações interpessoais positivas, na qual cada integrante da equipe seja escutado, permitindo o aporte na identificação de necessidades e a elaboração de estratégias individualizadas provisionadas no momento adequado durante o tempo necessário, na qual não só se integre a medicina tradicional, se não que desde a interdisciplinaridade se possa oferecer estratégias que complementem seu atuar9,  aportando de maneira significativa no controle de signos e sintomas desagradáveis, otimizando as medidas de conforto.

Para conseguir um cuidado paliativo competente e interdisciplinar é necessário reconhecer a importância de cada disciplina e seu aporte não só no manejo sintomático, senão também na elaboração de planos de cuidados e não toma de decisões, cada profissional deve ter claro seu papel dentro da equipe, deve conseguir  participar ativamente, escutar e ser escutado, tendo como princípio base o respeito pelas outras disciplinas e  interiorizando  os objetivos do cuidado paliativo, deixando de lado o ego profissional, evitando confrontações, conseguindo uma comunicação assertiva, na qual se evidencie de maneira inclusiva os conhecimentos e a experiência de cada um deles, integrados com o binómio pessoa-família10.

Pensar numa atenção paliativa dirigida por uma única especialidade, seria desconhecer a integralidade e individualidade das necessidades de controle de signos e sintomas das pessoas que cursam com uma situação caracterizada por múltiplos sintomas;  é indispensável propor modelos onde participem todas as disciplinas tanto dentro da área da saúde (medicina, enfermagem, reabilitação, psicologia, trabalho social, gerontologia, odontologia, nutrição) como áreas específicas que estudam o entorno que incide no bem-estar do ser (etnografia, sociologia, antropologia, história, economia, entre outras) e assim conseguir a compreensão em toda sua extensão do processo saúde-doença, integrando a esfera física, social, cultural num contexto determinado11.

 

Sempre haverá a necessidade de seguir construindo sobre o processo de saúde-doença, sem deixar de lado sua conotação social, as trajetórias individuais, os símbolos culturais, o contexto social  a determinação histórica  que chamam ao concurso a diferentes disciplinas, que permitam desde a visão específica se integre para ajudar às pessoas e famílias que recebem cuidados paliativos obter um nível de conforto e bem-estar, individual, familiar e assim diminuir o sofrimento durante as etapas do final da vida12.

 

Referencias

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