Rev Cuid. 2023; 14(2): e2803
http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.2803

RESEARCH ARTICLE

 

Contextos de vulnerabilidade de adolescentes que (con)vivem com HIV: uma revisão integrativa

 

Contexts of vulnerability of adolescents living with HIV: an integrative review

 

Contextos de vulnerabilidad de adolescentes que viven con el VIH: una revisión integradora

 

 

 

Gabriel Pavinati1Lucas Vinícius de Lima2Marcelle Paiano3André Estevam Jaques4Gabriela Tavares Magnabosco5

 

    1. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. E-mail: gabrielpavinati00@gmail.com Autor de correspondência
    2. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. E-mail: lvl.vinicius@gmail.com
    3. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. E-mail: mpaiano@uem.br
    4. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. E-mail: aejaques@uem.br
    5. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. E-mail: gtmagnabosco@uem.br

 

    Highlights:

    • Os resultados desta revisão apontaram para as diversas situações de vulnerabilidade individual, social e programática vivenciadas por adolescentes com HIV

    • Vulnerabilidades individuais podem refletir em pontos cruciais na vida pessoal dos adolescentes, bem como em questões de saúde em torno de seu (auto)cuidado

    • Superar as atitudes balizadas pelo estigma parece ser primordial para a redução das vulnerabilidades evidenciadas

    • Adolescentes que (con)vivem com HIV estão inseridos em contextos que influenciam negativamente o exercício de sua adolescência, de sua saúde e de suas relações

 


    Como citar este artigo: Pavinati, Gabriel; Lima, Lucas Vinícius de; Paiano, Marcelle; Jaques, André Estevam; Magnabosco, Gabriela Tavares. Contextos de vulnerabilidade de adolescentes que (con)vivem com HIV: uma revisão integrativa. Revista Cuidarte. 2023;14(2):e2803. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.2803

     

    Recebido: 30 de julho de 2021
    Aceito:
    29 de julho de 2022
    Publicado:
    30 de junho de 2023

     

    E-ISSN: 2346-3414


 

Resumo

 

Introdução: Nos adolescentes, as vulnerabilidades decorrentes da infecção pelo HIV atrelam-se às singularidades biopsicossociais da fase, tornando-os um grupo prioritário para as estratégias de saúde. Objetivo: Analisar o estado da arte acerca das situações de vulnerabilidade de adolescentes que (con)vivem com HIV. Método: Revisão integrativa da literatura realizada em oito bibliotecas/bases de dados para responder à questão norteadora. Foram seguidas as recomendações padronizadas para revisão, os achados foram categorizados e discutidos de acordo com referencial da vulnerabilidade. Resultado: Foram identificadas 7.517 publicações, das quais 11 foram incluídas. Evidenciaram-se situações diversas de vulnerabilidade individuais, sociais e programáticas experienciadas por jovens com HIV, a saber: omissão do diagnóstico, estigma, discriminação, baixa adesão à terapia antirretroviral, sofrimento emocional, entre outras. Discussão: Adolescentes que vivem com HIV são suscetíveis a situações que os expõem a riscos reais e/ou potenciais. Nesse sentido, é imperioso qualificar os serviços e as ações de saúde, em uma lógica de oferta universal e integral, livre de julgamentos baseados em crenças pessoais. Conclusão: Adolescentes que (con)vivem com HIV estão inseridos em contextos de vulnerabilidade dinâmicos, subjetivos e complexos, cerceados por aspectos individuais, sociais e programáticos que influenciam negativamente o exercício de sua adolescência, de sua saúde e de suas relações.

Palavras-Chave: HIV; Adolescente; Saúde do Adolescente; Vulnerabilidade em Saúde; Revisão.

 


Abstract

 

Introduction: In adolescents, the vulnerabilities resulting from HIV infection are linked to the biopsychosocial singularities of the phase, making them a priority group for health strategies. Objective: To analyze the state of the art regarding situations of vulnerability of adolescents who (co)live with HIV. Method: Integrative literature review conducted in eight libraries/databases to answer the guiding question. The standardized recommendations for review were followed, the findings were categorized and discussed according to the vulnerability framework. Result: 7,517 publications were identified, of which 11 were included. Different situations of individual, social and programmatic vulnerability experienced by young people with HIV were evidenced, namely: omission of diagnosis, stigma, discrimination, low adherence to antiretroviral therapy, emotional distress, among others. Discussion: Adolescents living with HIV are susceptible to situations that expose them to real and/or potential risks. In this sense, it is imperative to qualify health services and actions, in a logic of universal and integral offer, free of judgments based on personal beliefs. Conclusion: Adolescents who (co)live with HIV are inserted in dynamic, subjective, and complex contexts of vulnerability, constrained by individual, social and programmatic aspects that negatively influence their adolescence, their health, and their relationships.

KeyWords: HIV; Adolescent; Adolescent Health; Health Vulnerability; Review.


Resumen

 

Introducción: En los adolescentes, las vulnerabilidades derivadas de la infección por el VIH están ligadas a las singularidades biopsicosociales de la etapa, convirtiéndolos en un grupo prioritario para las estrategias de salud. Objetivo: Analizar el estado del arte sobre las situaciones de vulnerabilidad de los adolescentes que (co)viven con el VIH. Método: revisión integrativa de la literatura realizada en ocho bibliotecas/bases de datos para responder a la pregunta guía. Se siguieron las recomendaciones estandarizadas para la revisión, los hallazgos se categorizaron y discutieron de acuerdo con el marco de vulnerabilidad. Resultado: se identificaron 7.517 publicaciones, de las cuales se incluyeron 11. Se evidenciaron diferentes situaciones de vulnerabilidad individual, social y programática que viven los jóvenes con VIH, a saber: omisión del diagnóstico, estigma, discriminación, baja adherencia a la terapia antirretroviral, angustia emocional, entre otras. Discusión: Los adolescentes que viven con VIH son susceptibles a situaciones que los exponen a riesgos reales y/o potenciales. En ese sentido, es imperativo calificar los servicios y acciones de salud, en una lógica de oferta universal e integral, libre de juicios basados ​​en creencias personales. Conclusión: Los adolescentes que (co)viven con el VIH se insertan en contextos dinámicos, subjetivos y complejos de vulnerabilidad, constreñidos por aspectos individuales, sociales y programáticos que influyen negativamente en su adolescencia, su salud y sus relaciones.

Palabras Clave: VIH; Adolescente; Salud del Adolescente; Vulnerabilidad em Salud; Revisión.

 


 

Introdução 

A adolescência corresponde à fase da vida que se estende entre a infância e a idade adulta, englobando aspectos decorrentes de alterações biológicas e transições sociais1,2. A ocorrência paralela da puberdade precoce e do atraso na adaptação dos papéis para a vida adulta tornam a conceituação da adolescência um enigma ao ponto que, sob o prisma social, entende-se que o período contempla indivíduos de 10 a 24 anos1.

Nesse momento ímpar da vida, existem constantes transformações e conflitos de ordem biológica, psicológica e social, reflexos da procura pela autonomia familiar, pelo protagonismo social e pela identidade individual2. Essa complexidade intrínseca à fase figura como uma vulnerabilidade para os adolescentes, sobretudo no que se refere ao exercício de saberes e práticas de saúde3.

Entende-se por vulnerabilidade as situações de exposição de indivíduos a fatores e/ou eventos, sistematizados nas dimensões individual, social e programática, que atuam de maneira interdependente para oportunizar a compreensão multidimensional dos influentes na saúde, tanto no âmbito do adoecimento quanto nos estados social, mental, psicológico e físico decorrentes desse contexto3,4.

Dentre os cenários de vulnerabilidade entre os adolescentes, destaca-se a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A iniciação precoce da vida sexual e a adoção de comportamentos de risco são aspectos que tornam o público mais suscetível a contrair a infecção5. Somado a isso, tem-se a baixa percepção de risco e a ausência de atitudes protetoras, como consequência do escasso conhecimento em torno do HIV5,6.

Estudo realizado na África do Sul identificou tendência crescente do HIV entre adolescentes de 12 a 19 anos, com maior carga em meninas desempregadas e evadidas do ambiente escolar7. Esses achados sugerem que a vulnerabilidade deve ser compreendida em suas dimensões de forma interrelacionada3,4, uma vez que fatores individuais, sociais e programáticos são igualmente importantes na infecção pelo HIV.

Por outro lado, é impreterível ressaltar que a complexidade das vulnerabilidades extrapola a exposição ao vírus. O fenômeno multifacetado do (con)viver com HIV abrange diferentes domínios que interferem na qualidade de vida das pessoas acometidas, refletindo em constructos que podem afetar negativamente o bem-estar e incitar a ocorrência de fragilização das pessoas vivendo com HIV (PVHIV)8.

Nos adolescentes, as vulnerabilidades decorrentes da infecção pelo HIV atrelam-se às singularidades biopsicossociais da fase, tornando-os um grupo prioritário para as estratégias de saúde. Portanto, empregar o aparato conceitual da vulnerabilidade na epidemia do HIV permite o reconhecimento do indivíduo e do seu contexto social e programático em uma lógica não segmentada9.

Destarte, partindo do pressuposto de que os adolescentes correspondem a um grupo vulnerável frente às transições vivenciadas no adolescer e que o HIV tem o potencial de ocasionar vulnerabilidades em diversos aspectos da vida das pessoas infectadas, objetivou-se analisar, na literatura científica, o estado da arte acerca das situações de vulnerabilidade de adolescentes que (con)vivem com HIV.

 

Materiais e Métodos

Tratou-se de uma revisão integrativa da literatura, ancorada em seis etapas, a saber: (1) identificação do tema e pergunta de pesquisa; (2) definição dos critérios de inclusão e exclusão de estudos; (3) determinação das informações a serem extraídas dos estudos incluídos; (4) avaliação dos estudos incluídos; (5) análise dos resultados obtidos; e (6) síntese do conhecimento10.

Para construção da pergunta de pesquisa, utilizou-se os elementos do acrônimo População, Fenômeno de Interesse e Contexto (PICo)11. Para este estudo, postulou-se: P = adolescentes, I = situações de vulnerabilidade e Co = viver com HIV. Com base nessas definições, instituiu-se como questão norteadora: Quais são as situações de vulnerabilidade associadas à vivência com HIV entre adolescentes?

Os critérios de inclusão estabelecidos foram: estudos originais, nos idiomas português, inglês ou espanhol, que revelassem situações de vulnerabilidade de adolescentes decorrentes da vivência com HIV. Para delimitação do público dos artigos elegíveis para esta revisão, considerou-se como adolescente, enquanto construção social da fase, o indivíduo com idade entre 10 e 24 anos1.

Os critérios de exclusão definidos foram: publicações que não estivessem disponíveis na íntegra, não gratuitas, repetidas e provenientes da literatura cinzenta. Não houve recorte temporal tendo em vista que as vulnerabilidades inerentes ao HIV compreendem um fenômeno singular e subjetivo, sendo necessário a análise e compreensão da totalidade dos estudos disponíveis na literatura.

A busca aconteceu em junho de 2022 nas bases/bibliotecas: Web of Science (WOS); SCOPUS (Elsevier); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) e Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud, via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Scientific Medical Literature Analysis and Retrieval System (MEDLINE), via PubMed; Cummulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL); e Biblioteca Virtual em Saúde do Adolescente (ADOLEC).

Os estudos foram acessados via Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio do acesso Comunidade Acadêmica Federada (CAFe). Para sistematização, utilizaram-se descritores das plataformas Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH) ( Tabla1). Empregaram-se estratégias construídas por meio dos descritores e operadores booleanos “AND” e “OR” ( Tabla2).

 

Tabela 1. Descritores empregados para sistematizar a busca

PICo

Descritores controlados

P

I

Co

Adolescente (Adolescent) e Saúde do Adolescente (Adolescent Health)

Vulnerabilidade em Saúde (Health Vulnerability),Vulnerabilidade Sexual (Sexual Vulnerability) e Vulnerabilidade Social (Social Vulnerability)

HIV (HIV) e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immunodeficiency Syndrome)

 

Tabela 2. Estratégias de busca utilizadas de acordo com a base/biblioteca de dados

Base/biblioteca

Estratégia de busca

WOS

ALL=(Adolescentes OR "Saúde do adolescente" OR Adolescent OR “Adolescent Health”) AND ALL=(“Vulnerabilidade em Saúde” OR “Vulnerabilidade Sexual” OR “Vulnerabilidade Social” OR “Fatores de risco” OR “Health Vulnerability” OR “Sexual Vulnerability” OR “Social Vulnerability) AND ALL=(HIV OR “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida” OR HIV OR “Acquired Immunodeficiency Syndrome”)

SCOPUS

TITLE-ABS-KEY(Adolescente OR "Saúde do adolescente" OR Adolescent OR “Adolescent Health”) AND TITLE-ABS-KEY(“Vulnerabilidade em Saúde” OR “Vulnerabilidade Sexual” OR “Vulnerabilidade Social” OR “Health Vulnerability” OR “Sexual Vulnerability” OR “Social Vulnerability”) AND TITLE-ABS-KEY(HIV OR “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida” OR HIV OR “Acquired Immunodeficiency Syndrome”)

LILACS
BDENF
IBECS

 

PALAVRAS(Adolescente) OR ("Saúde do adolescente") OR (Adolescent)OR (“Adolescent Health”) AND PALAVRAS(“Vulnerabilidade em Saúde”) OR (“Vulnerabilidade Sexual”) OR (“Vulnerabilidade Social”) OR (“Health Vulnerability”)OR(“Sexual Vulnerability”)OR(“Social Vulnerability”)ORAND PALAVRAS(HIV) OR (“Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”) OR (HIV)OR(“Acquired Immunodeficiency Syndrome”)

MEDLINE Adolescent[Title] OR Adolescent Health[Title] AND Health Vulnerability[Title] OR Sexual Vulnerability[Title] OR Social Vulnerability[Title] AND HIV[Title] OR Acquired Immunodeficiency Syndrome[Title]
CINAHL

TX(Adolescente) OR ("Saúde do adolescente") OR (Jovem) OR (Adolescent)OR (“Adolescent Health”) AND TX(“Vulnerabilidade em Saúde”) OR (“Vulnerabilidade Sexual”) OR (“Vulnerabilidade Social”) OR (“Health Vulnerability”)OR(“Sexual Vulnerability”)OR(“Social Vulnerability”)OR(Repercussões) OR (“Repercussões sociais”) AND TX(HIV) OR (“Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”) OR (HIV)OR(“Acquired Immunodeficiency Syndrome”)OR(Infecção pelo HIV”)

ADOLEC

(Adolescentes) OR ("Saúde do adolescente") OR (Adolescent) OR (“Adolescent Health”) AND (“Vulnerabilidade em Saúde”) OR (“Vulnerabilidade Sexual”) OR (“Vulnerabilidade Social”) OR (“Health Vulnerability”) OR (“Sexual Vulnerability”) OR (“Social Vulnerability”) AND (HIV) OR (“Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”) OR (HIV) OR (“Acquired Immunodeficiency Syndrome”)

 

As recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA)12 ancoraram esta revisão, gerando um fluxograma de seleção contendo as fases de identificação, triagem, seleção e inclusão. Para além da busca nas bases/bibliotecas, procedeu-se à busca reversa nas referências dos estudos incluídos, com vistas a assegurar maior captação de resultados. Todo o processo foi conduzido por dois pesquisadores de modo independente e as divergências foram resolvidas por consenso.

Os estudos identificados nas bases/bibliotecas de dados e na busca reversa foram exportados para planilha eletrônica. Para a organização e apresentação de maneira resumida e objetiva, os dados foram organizados em: autor, ano, título, país de origem, tipo de estudo, abordagem, população e vulnerabilidades (individual, social e programática). Para além disso, com vistas a facilitar a visualização, foi desenvolvida uma nuvem de palavras das vulnerabilidades por meio da plataforma Mentimeter®.

Após a seleção, procedeu-se à classificação por meio da Escala de Avaliação de Artigos com Metodologias Heterogêneas para Revisões Integrativas (EAMH)13. A EAMH é composta por seis questões dicotômicas (sim/não) e sua pontuação varia de 0 a 6 pontos, sendo interpretada da seguinte forma: de 0 a 3 pontos = “artigo não recomendado para análise”; 4 a 5 pontos = “artigo adequado para análise”; e 6 pontos = “artigo ideal para análise”13.

Para categorização e discussão dos achados, ancorou-se no referencial conceitual da vulnerabilidade proposto por Ayres4, que classifica os contextos em três dimensões: individual, social e programática. A primeira contempla os aspectos do modo de vida, dos saberes das pessoas sobre um assunto e a capacidade de empregá-los em práticas protetoras (conhecimentos, atitudes, comportamentos, relações afetivo-sexual, situação psicoemocional, situação física etc.)4.

A dimensão social relaciona-se aos fatores contextuais da vida em sociedade e da rede de apoio social (normas sociais, estigma, discriminação, suporte social, cidadania, relações entre gerações, dentre outros)4. Por fim, a dimensão programática refere-se aos programas e serviços governamentais, seu efetivo funcionamento e qualidade (organização do setor saúde, qualidade dos serviços, acesso aos serviços, preparo dos profissionais e afins)4.

O conjunto de dados deste estudo foi salvo no repositório público Mendeley Data®14. Cumpre mencionar que por se tratar de uma revisão, cujas publicações incluídas encontram-se sob domínio público, não foi necessária a apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil. Ademais, ressalta-se que as ideias e conclusões dos autores dos estudos incluídos foram mantidas, respeitadas e devidamente referenciadas, e os aspectos éticos foram observados.

 

Resultados 

Foram identificadas 7.517 publicações. Após a aplicação dos filtros de busca, restaram 994 papers para a leitura de título e resumo, dos quais 22 foram selecionados, sendo incluídos, após leitura na íntegra, quatro estudos. Posteriormente, procedeu-se à busca reversa, pela qual retornou um total de 169 publicações, sendo nove selecionadas para leitura na íntegra e sete incluídas no estudo. Ao final, os estudos selecionados foram avaliados pela EAMH, com pontuação de 6 (n=9) e 5 (n=2), portanto, incluídos na revisão ( Figura1).

Figura 1. Fluxograma de seleção dos estudos de acordo com as recomendações PRISMA

Os estudos incluídos na revisão foram derivados do Brasil (n=5), do Malawi (n=3), de Gana (n=2) e da Uganda (n=1), e foram publicados entre 2009 e 2021. Houve maior frequência de estudos do tipo exploratório (n=4) e de abordagem qualitativa (n=8), desenvolvidos com adolescentes entre 11 e 24 anos. As vulnerabilidades relatadas compreenderam as dimensões individual, social e programática ( Tabla3).

 

Tabela 3. Caracterização dos estudos incluídos e vulnerabilidades identificadas

Autor e ano

Título e país

Tipo de estudo e abordagem População Vulnerabilidade
Individual Social Programática
Kaunda-Khangamwa et al, 202015

Adolescents living with HIV, complex needs and resilience in Blantyre, Malawi

Malawi

Estudo de caso

Qualitativa
4 adolescentes entre 15 e 19 anos Baixa adesão à medicação, omissão do diagnóstico ao parceiro e/ou família, comportamentos de risco e sofrimento emocional Exclusão familiar e social, estigma e discriminação Dificuldade de acesso ao serviço
Paula et al., 201316

Cotidiano medicamentoso de adolescentes com HIV/AIDS

Brasil

Transversal

Quantitativa
23 adolescentes entre 13 e 19 anos Omissão do diagnóstico aos colegas e baixo conhecimento sobre a infecção - -
Doat et al., 202117

Paradoxical experiences of Ghanaian adolescents with HIV: physiological challenges

Gana

Exploratório

Qualitativa
12 adolescentes entre 14 e 19 anos Intensos sintomas físicos - Dificuldade de acesso ao serviço, tratamento tardio
Silva et al., 202018

Vulnerabilidade em saúde das jovens transexuais que vivem com HIV/aids

Brasil

Exploratório

Qualitativa
6 adolescentes entre 18 e 24 anos Baixo conhecimento sobre a infecção Exclusão social, estigma e discriminação -
Enimil et al., 201519

Quality of life among Ghanaian adolescents living with perinatally acquired HIV: a mixed methods study

Gana
Estudo de métodos mistos 20 adolescentes entre 12 e 19 anos Baixo conhecimento sobre a infecção, omissão do diagnóstico aos colegas e sofrimento emocional Estigma e discriminação -
Kim et al., 201720

High self-reported non-adherence to antiretroviral therapy amongst adolescents living with HIV in Malawi: barriers and associated factors

Malawi

Transversal

Quantitativa
519 adolescentes entre 12 e 18 anos Baixa adesão à medicação Estigma e discriminação Dificuldade de acesso ao serviço
Mwalabu et al., 201721

Factors influencing the experience of sexual and reproductive healthcare for female adolescents with perinatally-acquired HIV: a qualitative case study

Malawi

Estudo de caso

Qualitativa
14 adolescentes entre 15 e 19 anos Omissão do diagnóstico ao parceiro sexual e sofrimento emocional Exclusão, estigma, discriminação familiar/social e assistência influenciada por questões religiosas Assistência influenciada por questões religiosas
Ashaba et al., 201922

Community beliefs, HIV stigma, and depression among adolescents living with HIV in rural Uganda

Uganda

Exploratório

Qualitativa
8 adolescentes entre 13 e 17 anos Sofrimento emocional e físico, omissão do diagnóstico para a família e ideação suicida Exclusão, estigma, discriminação familiar/social e violência familiar -
Kourrouski e Lima, 200923

Adesão ao tratamento: vivências de adolescentes com HIV/aids

Brasil

Descritivo

Qualitativa
9 adolescentes entre 12 e 18 anos Omissão do diagnóstico aos colegas, não aceitação do diagnóstico, baixa adesão ao tratamento e ideação suicida Estigma, discriminação social e familiar -
Rodrigues et al., 201124

Representações sociais de adolescentes e jovens vivendo com HIV acerca da adolescência, sexualidade e aids

Brasil

Exploratório

Qualitativa
18 adolescentes entre 11 e 20 anos Omissão do diagnóstico, medo de transmitir a infecção, baixa adesão à medicação e baixo conhecimento sobre a infecção Estigma e discriminação social -
Paula et al., 201125

O (não)dito da AIDS no cotidiano de transição da infância para a adolescência

Brasil

Fenomenológico

Qualitativa
11 adolescentes entre 11 e 14 anos Omissão do diagnóstico aos colegas e sofrimento emocional Preconceito -

Com relação às vulnerabilidades identificadas, observou-se situações diversas que são experienciadas por jovens com HIV, sendo as mais frequentes: omissão do diagnóstico (n=8), estigma (n=8), discriminação (n=8), baixa adesão à terapia antirretroviral (TARV) (n=5), sofrimento emocional (n=5), entre outras. Os termos foram padronizados para a construção da Figura2.

Figura 2. Nuvem de palavras das vulnerabilidades identificadas na revisão

 

Discussão 

Os resultados desta revisão apontaram para as diversas situações de vulnerabilidade individual, social e programática vivenciadas por adolescentes com HIV. Sabe-se que o conceito de vulnerabilidade se aplica, comumente, à ideia de suscetibilidade a um agravo26, contudo, entende-se a necessidade de compreender os contextos para além do risco à doença, compreendendo os aspectos do (con)viver com determinada condição.

A análise das vulnerabilidades integra três eixos correlacionados, abrangendo os aspectos da vida dos indivíduos, que os tornam mais suscetíveis a determinadas situações de risco4. Desse modo, busca-se interpretar e atribuir sentidos e significados aos fenômenos em estudo, com vistas a compreendê-los em sua integralidade, de forma dinâmica e multifacetada4.

Nesta revisão, essa compreensão busca alcançar maior articulação das ações e das estratégias de saúde ofertadas ao público adolescente, expandindo as intervenções desenvolvidas para as três esferas de vulnerabilidade e as influências por elas exercidas, considerando o caráter complexo do objeto saúde-doença e de sua causalidade26, representados, neste caso, pelo HIV.

A epidemia do HIV tem passado por constantes processos desde a sua descoberta. No contexto atual, evidencia-se a “juvenização” da epidemiologia da infecção, com altos índices de morbimortalidade entre adolescentes em razão da parcela considerável de indivíduos que desconhecem seu status sorológico e das altas taxas de perda de seguimento do tratamento27.

Nessa lógica, compreende-se que os adolescentes que vivem com HIV estão suscetíveis a inúmeras situações que os expõem a um risco real e/ou potencial. Para essa compreensão, a ideia de vulnerabilidade deve se sobrepor ao conceito de risco, à medida que considera os contextos e relações sociais no processo de “vulnerabilização”, não aceitando-o como estado natural28.

As PVHIV demandam ações de saúde que transcendam os aspectos biológicos e clínicos da infecção, englobando características sociais, individuais e culturais29. Essa especificidade, associada ao caráter de cronicidade do HIV, é permeada por debilidades programáticas, as quais refletem na oferta de assistência fragmentada, centralizada e com enfoque biológico29.

Essa abordagem é incapaz de contemplar os diferentes contextos em torno da vida das PVHIV, uma vez que considera apenas elementos clínicos. Frente ao exposto, faz-se necessário apontar que a abordagem de manejo para a complexidade da infecção pelo HIV deve pautar-se na intersetorialidade, mobilizando os atores sociais e políticos e efetivando os cuidados e as ações ofertadas, sobretudo aos vulneráveis29.

Tal vulnerabilidade precisa ser compreendida enquanto uma estrutura conceitual, dinâmica e interdependente, e não que cristaliza a realidade9. Para tanto, é imperioso dar visibilidade a essas situações28. Nesse sentido, esta revisão destaca-se ao propor a identificação e a sistematização dos aspectos individuais, sociais e programáticos que permeiam a vida dos adolescentes que vivem com HIV.

Na dimensão individual foram identificadas situações de omissão do diagnóstico ao parceiro, família e/ou colegas15,16,19,21-25, sofrimento emocional e/ou físico15,17,19,21-25, baixo conhecimento sobre a infecção16,18,19,24, baixa adesão à TARV15,20,23,24, ideação suicida22,23, não aceitação do diagnóstico23, comportamentos de risco15 e medo de transmitir a infecção24.

Destarte, percebe-se que essas vulnerabilidades individuais podem refletir em pontos cruciais na vida pessoal dos adolescentes, bem como em questões de saúde em torno de seu (auto)cuidado. Todavia, esses aspectos não devem ser considerados de maneira isolada, tendo em vista que, à luz conceitual da vulnerabilidade, as dimensões atuam de maneira interrelacionada4.

Nessa perspectiva, enfatiza-se que os fatores evidenciados no contexto individual podem se relacionar ou, até mesmo, se originar das situações involucradas na dimensão social da vida das PVHIV, na qual observou-se a presença de estigma15,18-24, discriminação15,18-24, exclusão familiar e/ou social15,18,21,22, preconceito25, violência familiar22 e influências religiosas21.

Sabe-se que o estigma em torno do HIV ocasiona atitudes de discriminação, violência e exclusão a nível estrutural, corroborando de diversas maneiras com as faces de vulnerabilidade individual, social e programática, de modo a produzir e reproduzir um universo de iniquidades sociais e de saúde30, sendo, portanto, resultados injustos e evitáveis no cenário da sociedade.

Para além das dimensões individual e social, associa-se a programática, cujas vulnerabilidades relacionaram-se à dificuldade de acesso ao serviço15,17,20, ao diagnóstico e/ou tratamento tardio17, e à assistência influenciada por questões religiosas21. Assim, evidencia-se que a interlocução entre os contextos da vulnerabilidade gera, de maneira interdependente, as situações vivenciadas por adolescentes com HIV.

O estigma e a discriminação decorrentes do diagnóstico do HIV, historicamente impregnados na sociedade31, ampliam a precariedade da vida das PVHIV28. A persistência dessa problemática tem ameaçado e prejudicado as conquistas relacionadas à prevenção e ao cuidado dessas pessoas32. Esse cenário denota a necessidade de qualificar os serviços e as ações de saúde, em uma lógica de oferta universal e integral, livre de julgamentos baseados em crenças pessoais.

Para tanto, aponta-se que o enfrentamento do fenômeno que o estigma do HIV representa deve compreender práticas estruturais, culturais e psicossociais, reconhecendo a origem social da estigmatização para que, assim, essa problemática possa ser desnaturalizada31. Assim, superar as atitudes balizadas pelo estigma parece ser primordial para a redução das vulnerabilidades evidenciadas.

Nessa conjuntura, os profissionais da saúde envolvidos no cuidado às PVHIV desempenham papel de destaque31. No âmbito do Sistema Único de Saúde, o espaço da Atenção Primária à Saúde (APS) figura como possibilidade de enfrentamento do status quo, uma vez que conhece as necessidades dos indivíduos adscritos e é capaz de desenvolver estratégias singularizadas de cuidado integral e de criação de vínculo32 reflexões que corroboram a construção de novas configurações assistenciais e fomentam o cuidado qualificado32, tornando o profissional capaz de abordar a dimensão histórico-cultural, socioeconômica e política do HIV31.

Dessa forma, suscita-se a compreensão e o avanço nas estratégias de promoção de uma cultura de não discriminação às pessoas que vivem com HIV30, sobretudo àquelas vivenciando a adolescência, as quais, para além da carga de determinação e exclusão social exercida pela infecção, enfrentam as vulnerabilidades relacionadas aos fatores intrínsecos desse ciclo da vida.

Como limitações deste estudo, aponta-se o baixo número de artigos captados nas bases/bibliotecas de dados por meio das estratégias de busca utilizadas, bem como a restrição linguística empregada nos critérios de inclusão. Ademais, cumpre mencionar que os papers encontrados se referiram à realidade brasileira e de alguns países africanos, impedindo a identificação das vulnerabilidades vivenciadas em países desenvolvidos.

 

Conclusão

O mapeamento do estado da arte na literatura científica acerca do tema evidenciou que os adolescentes que (con)vivem com HIV estão inseridos em contextos de vulnerabilidade dinâmicos, subjetivos e complexos, cerceados por aspectos individuais, sociais e programáticos que influenciam negativamente o exercício de sua adolescência, de sua saúde e de suas relações.

Vislumbra-se, então, um cenário que requer esforços dos atores envolvidos, a nível individual, social e programático, no sentido de perceber as vulnerabilidades e superar as iniquidades existentes. Nesse sentido, faz-se necessário estruturar e/ou operacionalizar políticas públicas que compreendam os adolescentes com HIV em suas singularidades, além de promover a cultura de não estigmatização.

Ademais, evidenciou-se interrelação entre as dimensões da vulnerabilidade, com repercussões do HIV nas esferas pessoal, social e de saúde dos adolescentes. Assim, tendo em vista a complexidade do (con)viver com HIV nessa fase da vida, novos estudos são necessários para melhor compreender o fenômeno e identificar as vulnerabilidades que assolam o público adolescente.

Finalmente, cumpre destacar que os estudos sugerem a importância da abordagem integral acerca das vulnerabilidades das PVHIV na formação dos profissionais da saúde, bem como no processo de EPS, com intuito de promover a melhor compreensão desses contextos de vulnerabilidade, de modo a embasar e subsidiar o planejamento de cuidado holístico e intersetorial.

Conflito de interesse: Declaramos que não há conflito de interesse.

Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, concedido aos autores Gabriel Pavinati e Lucas Vinícius de Lima.

Agradecimento: Não há.

 

Referências

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