Rev Cuid 2018; 9(1): 2059-73
http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.v9i1.485

ARTÍCULO REVISIÓN

Dieta isenta de glúten e caseína no transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática

Gluten-free and casein-free diet in autism spectrum disorder: a systematic review

Dieta exenta de gluten y caseína en el trastorno del espectro autista: una revisión sistemática

Ebiene Chaves Dias1, Jokasta Sousa Rocha1, Gabrielle Bemfica Ferreira2, Geórgia das Graças Pena3

1Nutricionista, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina, Uberlândia - MG, Brasil.
2Especialista em Nutrição em Pacientes Especiais, Residência Multiprofissional em Saúde, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina, Uberlândia - MG, Brasil.
3PhD. Nutricionista. Docente do curso de Nutrição da Universidade Federal de Uberlândia -MG, Brasil. Autor de Correspondência. E-mail: georgia@ufu.br

Histórico

Recibido: 02 de octubre de 2017
Aceptado: 13 de diciembre de 2017

Como citar este artigo: Dias EC, Rocha JS, Ferreira GB, Pena GG. Dieta isenta de glúten e caseína no transtorno do espectro autista: uma revisão sistemática. Rev Cuid. 2018; 9(1): 2059-73. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.v9i1.485

©2018 Universidad de Santander. Este es un artículo de acceso abierto, distribuido bajo los términos de la licencia Creative Commons Attribution (CC BY-NC 4.0), que permite el uso ilimitado, distribución y reproducción en cualquier medio, siempre que el autor original y la fuente sean debidamente citados.


Resumo

Introdução: A dieta sem glúten e sem caseína é uma prática comum no Transtorno do Espectro Autista, mas sem consenso quanto ao seu benefício clínico ou cognitivo. Objetivo: Revisar sistematicamente a literatura que avalia a isenção de glúten e/ou caseína da dieta para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista. Materiais e Métodos: Revisão sistemática de literatura analisando estudos originais disponíveis até dezembro/2016 nas bases de dados: PubMed, SciELO, LILACS e BDENF. Os termos usados para a pesquisa foram: autismo, espectro autista, autismo e sem glúten, autismo e dieta livre de caseína. Para melhor direcionamento da busca de dados foi utilizado o método PICO (população, intervenção, comparação e desfecho). Resultados: No total, foram incluídos 22 artigos, sendo 13 ensaios clínicos randomizados, 4 estudos de caso, 4 transversais e 1 coorte. Do total, 15 encontraram uma associação positiva de intervenção para os resultados avaliados e 7 não encontraram associação significativa. Discussão: Foi encontrada grande variabilidade do tamanho amostral, idade, tempo de intervenção, cegamento, controle ou análise dietética mais apurada. Conclusões: não há evidências científicas para apoiar o uso de uma dieta livre de glúten e caseína em pacientes com Transtorno do Espectro Autista. Há necessidade de novos estudos bem delineados, principalmente ensaios clínicos randomizados bem controlados, cegos, com cálculos amostrais que permitam um poder de observação apropriado, para maior segurança nessa prática.

Palavras chave: Transtorno do Espectro Autista; Glútens; Caseínas; Revisão, Nutrição.


Abstract

Introduction: The gluten-free and casein-free diet is a common practice in Autism Spectrum Disorder, but without consensus regarding their clinical or cognitive benefit. Objective: To review systematically the literature assessing gluten- and/or casein-free diet for individuals with Autism Spectrum Disorder. Materials and Methods: Systematic review of the literature analyzing original studies available until December 2016 in the databases: PubMed, SciELO, LILACS, and BDENF. The terms used for the search were autism, autism spectrum, autism and gluten-free, autism and casein-free diet. To better target the data search, the study used the PICO method (population, intervention, comparison, and outcome). Results: In total, 22 articles were included, of which 13 were randomized clinical trials, four case studies, four cross-sectional studies, and one cohort. Of the total, 15 found a positive intervention association for the results evaluated and seven found no significant association. Discussion: This work found much variability in sample size, age, intervention time, blinding, control, or more precise dietary analysis. Conclusions: No scientific evidence supports using a gluten-free and casein-free diet in patients with Autism Spectrum Disorder. There is a need for further, well-delineated studies, especially well-controlled, blinded randomized clinical trials with sample calculations that allow appropriate observation power for greater security in this practice.

Key words: Autism Spectrum Disorder; Gluten; Casein; Review; Nutrition.


Resumen

Introducción: La dieta sin gluten y sin caseína es una práctica común en el Trastorno del Espectro Autista, pero sin consenso en cuanto a su beneficio clínico o cognitivo. Objetivo: Revisar sistemáticamente la literatura que evalúa la exención de gluten y/o caseína de la dieta para individuos con Trastorno del Espectro Autista. Materiales y Métodos: Revisión sistemática de literatura analizando estudios originales disponibles hasta diciembre/2016 en las bases de datos: PubMed, SciELO, LILACS y BDENF. Los términos utilizados para la investigación fueron: autismo, espectro autista, autismo y sin gluten, autismo y dieta libre de caseína. Para una mejor dirección de la búsqueda de datos se utilizó el método PICO (población, intervención, comparación y desenlace). Resultados: En total, se incluyeron 22 artículos, siendo 13 ensayos clínicos controlados, 4 estudios de caso, 4 transversales y 1 cohorte. Del total, 15 encontraron una asociación positiva de intervención para los resultados evaluados y 7 no encontraron asociación significativa. Discusión: Se encontró gran variabilidad del tamaño muestral, edad, tiempo de intervención, enmascaramiento, control o análisis dietético más preciso. Conclusiones: no hay evidencias científicas para apoyar el uso de una dieta libre de gluten y caseína en pacientes con Trastorno del Espectro Autista. Hay necesidad de nuevos estudios bien diseñados, principalmente ensayos clínicos controlados, ciegos, con cálculos muestrales que permitan un poder de observación apropiado, para mayor seguridad en esa práctica.

Palabras clave: Trastorno del Espectro Autista; Gluten; Caseína; Revisión; Nutrición.


INTRODUÇÃO

O Transtorno do espectro autista (TEA) é definido como um conjunto de desordens neurais que refletem no indivíduo prejuízos na interação social, comunicação e comportamento, além de tornar seus interesses e atividades restritivos e repetitivos1,2. Esse quadro geralmente persiste por toda a vida3. Em sua última edição lançada em 2013, o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais – DSM-V, passou a denominar o autismo como Transtorno do Espectro Autista englobando as seguintes condições: autismo, síndrome de Asperger e transtorno global do desenvolvimento sem especificação4.

Na primeira edição da pesquisa de saúde epidemiológica dos Estados Unidos (National Health Interview Survey - NHIS) em 1997, a prevalência de crianças entre 3-17 anos de idade diagnosticadas com transtornos do desenvolvimento, como o autismo, era de aproximadamente 0,1%5. Porém, atualmente, de acordo com o site da Rede de Monitoramento de Autismo e Deficiência do Desenvolvimento dosCentros de Controle e Prevenção de Doenças (Center of Disease Control - CDC), a incidência do TEA aumentou cerca de 30% no período de 2012 para 2014, os valores passaram de 1/88 crianças em 2012 para 1/45 em 2014, sendo cinco vezes maior para o sexo masculino, uma razão de 1/54 homens, para 1/252 mulheres6. Diante deste aumento, podemos considerar que o TEA tem se tornado uma importante questão de saúde pública  que pode gerar gastos elevados, como visto no estudo realizado recentemente pela Harvard School of Public Health, onde foi estimado que o custo para cuidar de um indivíduo com TEA ao longo de sua vida é de 3.2 milhões de dólares2,7.

Em muitos casos, de TEA, a sua etiologia ainda é desconhecida e imprecisa causa genética, sendo a maioria dos casos ainda de origem idiopática8,9. Evidências sugerem que haja um conjunto de múltiplos genes defeituosos e fatores ambientais desempenhando uma ação catalisadora10. Portanto, acredita-se que o mecanismo envolve fatores genéticos, epigenéticos e fatores ambientais11,12.

A sintomatologia do TEA é bastante heterogênea, podendo interferir na interação social, comunicação, comportamento, levando a um retardo mental ou até mesmo um rendimento intelectual acima da média13. As disfunções e sintomas gastrointestinais são queixa frequente destes pacientes, porém o melhor tratamento ainda é um desafio para a equipe médica14,15. Estes sintomas além de gerar um impacto na vida social do indivíduo, também gera uma situação de grande estresse para a família, que precisa gerar uma grande mobilização para se adaptar as necessidades do indivíduo16,17.                          

Há uma série de métodos para avaliar o grau de acometimento do transtorno e a gravidade dos sintomas, atualmente há uma ausência de padrão ouro nestes métodos, o que poderia gerar um viés nos resultados dos ensaios randomizados que avaliam como desfecho a melhora dos sintomas do TEA18,19, os métodos mais utilizados pelos pesquisadores parecem ser a escala Gilliam Autism Rating Scale (GARS) e os testes Illinois Test of Psycholinguistic Abilities (ITPA) e Diagnosis of Psychotic Behaviour in Children (DIBAP). O tratamento geralmente é individualizado e depende do grau de acometimento do transtorno e pode ser dividido em categorias específicas para cada área de acometimento: comportamental, comunicacional com coordenação de um fonoaudiólogo, educacional envolvendo equipe de profissionais juntamente com a família, entre outros20. Fármacos costumam ser utilizados para tratar sintomas relacionados a comportamentos agressivos ou inadequados socialmente, como a agitação21. Também existem terapias para melhorar os comportamentos associados ao TEA, que usam a análise comportamental aplicada (aplied behavioral analysis – ABA) como base2. Essas terapias são um tipo de tratamento cientificamente validado e recomendado, porém podem gerar altos custos para a família. Esse é um dos maiores motivos pelo qual os pais recorrem a uma Medicina Complementar Alternativa21.

Dentro da Medicina Complementar Alternativa, há uma série de tratamentos, dos quais podemos citar: nutrição, imunomoduladores, desintoxicação, musicoterapia, hipismo, oxigenação com balão hiperbárico, etc. As principais intervenções desse tipo de abordagem no campo nutricional são: dieta sem glúten e/ou sem caseína, suplementação vitamínica, suplementação de magnésio e utilização de ácidos graxos2. Em estudo de 2014 desenvolvido por Winburn, et al., constatou que mais de 80% dos pais e profissionais da saúde analisados, utilizavam como tratamento a intervenção dietética, incluindo a dieta sem glúten e sem caseína (SGSC)22.

A exclusão do glúten e da caseína seria eficiente, devido à teoria dos peptídeos opioides de origem exógena23-27. Muitos estudos demonstraram que o TEA pode ser consequência da digestão incompleta de alimentos contendo glúten e caseína, estes por sua vez em excesso no trato gastrointestinal (TGI), passam para a corrente sanguínea devido a uma disfunção na permeabilidade da membrana intestinal e através da circulação atingem o sistema nervoso central (SNC), se ligam a neuroreceptores opioides criando uma atividade exacerbada e perturbando uma série de sistemas neurais, o que resultaria na sintomatologia28. Alguns estudos confirmam maior permeabilidade intestinal em crianças com TEA quando comparada com crianças sem essa condição29,30, além de terem demonstrado que crianças com TEA em dieta Sem Glúten e Sem Caseína (SGSC) possuem menor permeabilidade intestinal do que outro grupo de crianças autistas sem restrição desses peptídeos31. Os estudos originais abordando este tema ainda são inconclusivos, por isto foi proposta a revisão sistemática. Apesar de haver na literatura revisões sobre o tema, foram englobadas informações de artigos recentes que não foram incluso nas revisões anteriores. Perante essas informações, o referente estudo tem como objetivo realizar uma revisão sistemática sobre a isenção de glúten e/ou caseína na dieta dos indivíduos com TEA, analisando os estudos disponíveis na literatura até o presente momento.

MATERIAIS E MÉTODOS

Delineamento do estudo

Foi realizada revisão sistemática conforme os Principais Itens para Análises Sistemáticas e Meta-análises (PRISMA Statement)32, com o objetivo de investigar a exclusão de glúten e/ou caseína da dieta para melhoria de aspectos cognitivos e também clínicos como por exemplo: sintomas gastrointestinais, hipersensibilidade ou na permeabilidade intestinal em pacientes diagnosticados com TEA. Para coleta dos dados, foi utilizado o acrônimo PICO, no qual: “P”- Population, especifica qual a população em foco, “I”- Intervention, define qual o tipo de intervenção estamos testando, “C”- Comparison, identifica qual é o grupo controle que será testado juntamente com a intervenção, e, por fim “O”- Outcome, são os desfechos que queremos avaliar (Tabela 1). Essas questões direcionaram a busca de dados, auxiliando na definição das evidências clínicas inclusas, evitando informações desnecessárias33.

Tabela 1. Acrônimo PICO utilizado para a busca de dados

NOTA: Pergunta da pesquisa: A exclusão de glúten e/ou caseína modifica o padrão cognitivo, sintomas gastrointestinais ou a permeabilidade intestinal de pacientes com TEA?

Critério de elegibilidade dos estudos e estratégia de busca

A busca de dados foi realizada de forma duplo cega independente. Pela particularidade do tema e pelo número reduzido de artigos na literatura sobre o tema, foram incluídos todos os artigos originais publicados até dezembro de 2016 conforme encontrado nos descritores de Ciências da Saúde (DeCS), disponíveis nas bases de dados: SciELO, PubMed, LILACS e BDENF. Os termos utilizados para a busca foram: (autismo ou autism spectrum disorder)e(gluten free diet ou caseins ou free diet ou diet) e suas respectivas traduções para o português e espanhol, Além disso, foi realizada busca ativa em banco de dissertações e teses das principais faculdades brasileiras. Nessa primeira etapa não houve utilização de outros filtros no intuito de abordar toda a literatura disponível dentro do foco de interesse (Figura 1). As duplicatas foram resolvidas pelo terceiro pesquisador após compartilhamento da inclusão de todos os artigos no gerenciador de arquivos Zotero (disponível em: https://www.zotero.org/).

Figura 1. Fluxograma utilizado para seleção dos estudos (PRISMA)

Os critérios de inclusão deste estudo foram artigos originais que contasse com ao menos um indivíduo diagnosticado com TEA em qualquer fase da vida, que fosse submetido a uma dieta de exclusão de glúten e/ou caseína e que o desfecho testasse a associação entre essa exclusão e a melhora ou não de qualquer sintoma cognitivo, gastrointestinal, hipersensibilidade ou na permeabilidade intestinal do TEA. Foram encontrados 49 artigos ao todo e, após a separação dos desfechos de interesse e artigos originais, foram incluídos ao final 22 artigos. Não foi possível a construção da metanálise pela variabilidade dos desfechos encontrados e principalmente pelos vieses encontrados nos artigos.

Avaliação da qualidade metodológica dos estudos

Foi realizada a inclusão dos artigos conforme os Principais Itens para Análises Sistemáticas e Meta-análises(PRISMA Statement)32.  Estudos com pelo menos 7 itens atendidos no check list do instrumento (desde que o critério fosse pertinente ao desenho) entraram na revisão. Os autores optaram por esse critério uma vez que houve grande variabilidade e diversos problemas metodológicos (falta do grupo controle, não controle da ingestão dietética nos grupos, cálculo da amostra, análise de poder de observação do estudo, entre outros).

RESULTADOS

Nesta revisão, foram incluídos 22 artigos originais do ano de 1990 a 2016, sendo 15 (68,1%) demonstraram resultados positivos e 7 (31,8%) sem associação entre a exclusão do glúten/caseína com os sintomas cognitivos, sintomas no trato gastrointestinal, hipersensibilidade ou na permeabilidade intestinal (Tabela 2-I; Tabela 2-II; Tabela 2-III).

Tabela 2. Estudos que encontraram associação entre dieta sem glúten e/ou sem caseína e os desfechos avaliados

Tabela 2. (continuidade)

Tabela 2. (continuidade)

NOTA: aSintomas Gastrointestinais; bGrupo Sem Glúten; cDieta Regular; dSem Glúten Sem Caseína; eIllinois Test of Psycholinguistic Abilities; fDiagnosis of Psychotic Behaviour in Children; gAutism Diagnostic Observation Schedule; hGilliam Autism Rating Scale II; iAttention déficit hyperactivity disroder I; jVineland Adaptative Behavior Scale; kChildhood Autism Rating Scale; lQuociente de inteligência; mChinese Child Developmental Inventory

Se considerarmos apenas os ensaios clínicos randomizados (ECR) encontrados (13), 8 (61,5%) demonstraram melhora nos desfechos avaliados e 5 (38,4%) não apresentaram mudança significativa entre os grupos. Entre os 4 estudos transversais encontrados 3 (75%) apresentaram melhora nos sintomas avaliados e 1 (25%) sem mudança significativa entre os grupos. Apenas um estudo de coorte foi encontrado e este apresentou resultado positivo para o uso da dieta de isenção. Por fim, foram inclusos 4 estudos de casos, sendo 3 (75%) com mudanças positivas e 1 (25%) sem associação significativa.      

Dos 22 artigos, 7 encontraram associação positiva, ou seja, a dieta possibilitou melhoria de pelo menos um dos desfechos avaliados e 15 não encontraram essa associação.

Sobre os desfechos avaliados, todo os 22 artigos avaliaram sintomas cognitivos, dentre esses 7 também avaliaram sintomas gastrointestinais, outros 7 a permeabilidade intestinal por meio de níveis de peptídeos urinários e 2 descreveram a hipersensibilidade pelos níveis de anticorpos (Figura 2).


           Figura 2. Resumo do número de artigos revisados por tipo de desfecho avaliado

Além da variabilidade dos desfechos investigados, houve grande variação amostral entre os estudos. Com relação ao tamanho da amostra dos ECR, o maior número de pacientes avaliados foi 150 e o menor 7. Nos estudos transversais o número foi maior quando comparado aos ECR, sendo o menor número de 13 e o maior de 387. A única coorte encontrada avaliou 134 crianças. A Tabela 3 mostra os ECR que não apresentaram associação entre a dieta sem glúten e/ou sem caseína e os desfechos avaliados.

Tabela 3. Ensaios Clínicos Randomizados que não encontraram associação entre dieta sem glúten e/ou sem caseína e os desfechos avaliados

NOTA: aChildhood Autism Rating Scale; bEcological Communication Orientation Scale; cGastrointestinal Symptoms Rating Scale 

DISCUSSÃO

A presente revisão sistemática encontrou 22 artigos originais, incluindo ensaios clínicos randomizados, estudos transversais e estudos de casos. Destes, 15 encontraram associação entre a dieta sem glúten e sem caseína nos pacientes com TEA e a melhora dos sintomas cognitivos, gastrointestinais, permeabilidade intestinal e hipersensibilidade e 7 não encontraram evidências associativas. Analisando esses resultados apenas numericamente, podemos observar que os estudos que encontram associação desta dieta para o tratamento do TEA é maior do que os que não encontraram associação, porém, quando analisamos de forma mais crítica cada estudo, podemos ter uma visão mais ampla deste resultado.

Além da grande heterogeneidade da amostra, que varia em tamanho, sexo, idade e grau de acometimento; foi observada grande variedade de métodos para avaliar os desfechos analisados, existem muitos testes e escalas diferentes com essa finalidade, o que gera falta de padronização entre os estudos53. Podemos citar como exemplo, um estudo que encontrou associação entre a dieta de exclusão e a melhora dos sintomas do TEA através dos testes DIPAB E ITPA34, porém, outro estudo que avaliou os mesmos desfechos com os testes Childhood Autism Scale (CARS) e Ecological Communication Orientation Scale (ECOS) encontrou resultados contrários, e negou a associação entre a exclusão e melhora dos sintomas47.

O delineamento dos estudos também foi um fator muito importante: aqueles que foram melhor desenhados não encontraram associação. Podemos citar como exemplo, a presença ou ausência do cegamento simples ou duplo. Dos 5 ensaios clínicos randomizados os quais não encontraram associação, 4 eram duplos cegos, e; dos 9 com associação positiva nenhum possuía cegamento de ambas as partes (pesquisador e paciente/pais ou cuidadores), e dois tinham apenas cegamento simples (do paciente). A partir desta observação, o maior número de trabalhos com efeitos positivos pode ser devido ao efeito placebo ou à falta de cegamento duplo. Sabe-se que o placebo pode influenciar os resultados de estudos científicos52. A percepção dos pais sobre o efeito da dieta nos filhos com TEA pode induzir viés de observação, uma vez que os pais por saberem que os filhos estão sob algum tratamento já criam expectativa de melhora, ou observam mais intensamente a variabilidade cognitiva do filho e isso pode acarretar maior percepção de melhora quando, na verdade pode não ter havido alteração45.             

Ainda com relação ao delineamento do estudo, alguns pesquisadores que não encontraram associação45,47,48, se preocuparam em oferecer os alimentos para sua amostra, para assegurar de que realmente seria feita a exclusão do glúten e/ou caseína. Entre os estudos com associação, apenas um adotou essa estratégia1. A fim de minimizar mais ainda os potenciais vieses, alguns autores fizeram a quantificação da ingestão dos participantes e sua confirmação por meio de filmagens ou recordatórios de 24 horas, e mais uma vez não encontraram associação45,47,49.

Dentre os estudos que mostraram associação positiva, apenas o estudo de Whiteley, et al36. Fez este tipo de controle da ingestão, porém não especificou o método. Em contrapartida, os estudos que encontraram associação entre a exclusão e melhora dos desfechos, foram os que implantaram a dieta por mais tempo. Dentre os oito ECR com associação, 6 estudos fizeram a exposição à dieta por tempo superior a seis meses. Um estudo de coorte, implantou a dieta por 4 anos, expondo grande melhora nos sintomas dos participantes35. Dentre os estudos sem associação, nenhum implantou a dieta por tempo superior a cinco meses. Houve uma pesquisa que testou os efeitos da exclusão por apenas seis semanas48. Será que um tempo inferior a dois meses é suficiente para observar os efeitos de uma intervenção? Sugere-se que não, segundo uma análise transversal, que expôs que o curto tempo de intervenção pode ser considerado um viés nessa população, levando-se em conta seus resultados, onde perceberam que os pacientes com TEA em utilização da dieta sem glúten e caseína, apresentaram melhora dos sintomas somente após seis meses da dieta implantada45.

Entre as limitações do estudo, pode-se destacar o reduzido número de artigos originais sobre o tema, houve a necessidade de ampliar os critérios de inclusão no que se refere aos desfechos avaliados, como a inclusão de estudos de casos, estudos transversais ou coortes, o que aumenta o número de observações, porém representa uma dificuldade na comparação de dados e ambas as situações (ampliação dos desfechos e de tipos de estudos) podem ser considerados uma limitação presente na revisão. Outro ponto de vista dos estudos observacionais é a causalidade reversa, ou seja, a dificuldade de se estabelecer as relações causais entre a exposição e o desfecho avaliado. O método científico na área da saúde indica que um estudo nunca é insuperável. Por isso, as teorias iniciais devem ser sempre confirmadas, completadas ou reformuladas a partir da elaboração de novos métodos de pesquisa53. Outro ponto que pode ser considerada como limitação importante foi a falta de padronização no que diz respeito às características dos indivíduos de cada artigo, por grande diferença de idade, sexo, tempo de intervenção e grau de acometimento do transtorno. Por fim, por este motivo não foi possível dar seguimento à metanálise previamente objetivada pelos autores.

Para o nosso conhecimento, mesmo existindo na literatura algumas revisões3,20,54, os mesmos não fizeram a estruturação para os diversos desfechos apresentados no presente estudo, sendo esta revisão mais ampla e atualizada. Além disso, nas revisões encontradas, não se tinha claramente os fatores de inclusão/exclusão ou não estruturado no anagrama adequado. Foi encontrada grande variabilidade do tamanho amostral, idade, tempo de intervenção, falta de cegamento, controle ou análise dietética mais apurada na maioria dos estudos apresentados.

CONCLUSÕES

Não há evidências científicas suficientes para apoiar o uso de uma dieta livre de glúten e/ou caseína em pacientes com Transtorno do Espectro Autista. A maioria dos estudos não fazem um grupo controle adequado não mencionam ou não fazem análise da ingestão alimentar em ambos grupos. Portanto, ainda se faz necessário o desenvolvimento de estudos melhor delineados, especialmente os ensaios clínicos, randomizados e controlados, com adequado cálculo amostral e com melhor controle sobre os aspectos dietéticos que permitam um poder de observação apropriado para maior segurança nessa prática.

Conflito de interesse: Os autores declaram que não houve conflitos de interesse.

REFERÊNCIAS

  1. Ghalichi F, Ghaemmaghami J, Malek A, Ostadrahimi A. Effect of gluten free diet on gastrointestinal and behavioral indices for children with autism spectrum disorders: a randomized clinical trial. World J Pediatr. 2016; 12(4): 436-42. https://doi.org/10.1007/s12519-016-0040-z
  2. Harrington JW, Allen K. The clinician's guide to autism. Pediatr Rev. 2014; 35(2): 62-78. https://doi.org/10.1542/pir.35-2-62
  3. Mulloy A, Lang R, O’Reilly M, Sigafoos J, Lancioni G, Rispoli M. Gluten-free and casein-free diets in the treatment of autism spectrum disorders: A systematic review. Res Autism Spect Dis. 2010; 4(3): 328-39. https://doi.org/10.1016/j.rasd.2009.10.008
  4. American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V). 5. ed. 2013.
  5. Control CFD. Estimated prevalence of Autism and other developmental disabilities following questionnaire changes in the 2014 National Health Interview Survey. Natl Health Stat Report. 2015; (87): 1-21.
  6. Prevention CDC. Prevalence of autism spectrum disorders. Atlanta, Geórgia, EUA: Centers for Disease Control and Prevention 2012. Available from: https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html
  7. Ganz ML. The lifetime distribution of the incremental societal costs of autism. Arch Pediatr Adolesc Med. 2007; 161(4): 343-9. https://doi.org/10.1001/archpedi.161.4.343
  8. Bonnet-Brilhault F, Malvy J, Tuller L, Prévost P, Zebib R, Ferré S, et al. A strategic plan to identify key neurophysiological mechanisms and brain circuits in autism. J Chem Neuroanat. 2017. https://doi.org/10.1016/j.jchemneu.2017.11.007
  9. Russo FB, Freitas BC, Pignatari GC, Fernandes IR, Sebat J, Muotri AR, et al. Modeling the Interplay Between Neurons and Astrocytes in Autism Using Human Induced Pluripotent Stem Cells. Biol Psychiatry. 2017. https://doi.org/10.1016/j.biopsych.2017.09.021
  10. Cuscó I, Medrano A, Gener B, Vilardell M, Gallastegui F, Villa O, et al. Autism-specific copy number variants further implicate the phosphatidylinositol signaling pathway and the glutamatergic synapse in the etiology of the disorder. Hum Mol Genet. 2009; 18(10):1795-804. https://doi.org/10.1093/hmg/ddp092
  11. Bertoglio K, Hendren RL. New developments in autism. Psychiatr Clin North Am. 2009; 32(1):1-14. https://doi.org/10.1016/j.psc.2008.10.004
  12. Pedersen L, Parlar S, Kvist K, Whiteley P, Shattock P. Data mining the ScanBrit study of a gluten- and casein-free dietary intervention for children with autism spectrum disorders: behavioural and psychometric measures of dietary response. Nutr Neurosci. 2014; 17(5): 207-13. https://doi.org/10.1179/1476830513Y.0000000082
  13. Silva NI. Relação entre hábito alimentar e síndrome do espectro autista [dissertação]. Piracicaba: Universidade de São Paulo. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz; 2011.  
  14. Baptista PFS. Avaliação dos sintomas gastrointestinais nos transtornos do espectro do autismo: relação com os níveis séricos de serotonina, dieta alimentar e uso de medicamentos [Dissertação]. Universidade Presbiteriana Mackenzi; 2013.
  15. Buie T, Campbell DB, Fuchs GJ, Furuta GT, Levy J, VandeWater J, et al. Evaluation, Diagnosis, and Treatment of Gastrointestinal Disorders in Individuals With ASDs: A Consensus Report. Pediatrics. 2010; 125 (Supplement 1): S1-S18. https://doi.org/10.1542/peds.2009-1878C
  16. Andrade AAE, Teodoro MLM. Família e autismo: uma revisão da literatura. Contextos Clin. 2012; 5:133-42.  https://doi.org/10.4013/ctc.2012.52.07
  17. Marques MH, Dixe MDAR. Crianças e jovens autistas: impacto na dinâmica familiar e pessoal de seus pais. Rev Psiquiatr Clin. 2011; 38: 66-70. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832011000200005
  18. Pereira AM. Autismo infantil: Tradução e validação da CARS (Childhood Autism Rating Scale) para uso no Brasil. J Pediatr. 2008; 84(6): 487-94. http://dx.doi.org/10.1590/S0021-75572008000700004
  19. Schopler E, Mesibov GB. Diagnosis and assessment in autism. 1. ed. New York: Springer US; 1988. http://doi.org/10.1007/978-1-4899-0792-9
  20. Vaz CSY, Aoki K, Freitas L, Gobato, AO. Dieta sem glúten e sem caseína no Transtorno do Espectro Autista. CuidArte Enferm. 2015; 9(1): 92-8.
  21. Hopf KP, Madren E, Santianni KA. Use and Perceived Effectiveness of Complementary and Alternative Medicine to Treat and Manage the Symptoms of Autism in Children: A Survey of Parents in a Community Population. J Altern Complement Med. 2015; 22(1): 25-32. https://doi.org/10.1089/acm.2015.0163
  22. Winburn E, Charlton J, McConachie H, McColl E, Parr J, O'Hare A, et al. Parents' and child health professionals' attitudes towards dietary interventions for children with autism spectrum disorders. J Autism Dev Disord. 2014; 44(4): 747-57. https://doi.org/10.1007/s10803-013-1922-8
  23. Nandhu MS, Naijil G, Smijin S, Jayanarayanan S, Paulose, CS. Opioid system functional regulation in neurological disease management. J Neurosci Res. 2010; 88(15): 3215-21.  https://doi.org/10.1002/jnr.22463
  24. Reichelt KL, Knivsberg AM. Can the pathophysiology of autism be explained by the nature of the discovered urine peptides? Nutr Neurosci. 2003; 6(1): 19-28. https://doi.org/10.1080/1028415021000042839
  25. Reichelt KL, Knivsberg AM. The possibility and probability of a gut-to-brain connection in autism. Ann Clin Psychiatry. 2009; 21(4): 205-11.
  26. Reichelt KL, Tveiten D, Knivsberg A-M, Brønstad G. Peptides’ role in autism with emphasis on exorphins. Microb Ecol Health Dis. 2012; 23: 1-9. https://doi.org/10.3402/mehd.v23i0.18958
  27. Wakefield AJ, Murch SH, Anthony A, Linnell J, Casson DM, Malik M, et al. Ileal-lymphoid-nodular hyperplasia, non-specific colitis, and pervasive developmental disorder in children. Lancet. 1998; 351(9103): 637-41. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(10)60175-4
  28. Whiteley P, Rodgers J, Savery D, Shattock P. A Gluten-Free Diet as an Intervention for Autism and Associated Spectrum Disorders: Preliminary Findings. SAGE Publ. 1999; 3(1): 45-65. https://doi.org/10.1177/1362361399003001005   
  29. de Magistris L, Picardi A, Siniscalco D, Riccio MP, Sapone A, Cariello R, et al. Antibodies against food antigens in patients with autistic spectrum disorders. BioMed Res Int. 2013. 11 page. https://doi.org/10.1155/2013/729349
  30. de Magistris L, Familiari V, Pascotto A, Sapone A, Frolli A, Iardino P, et al. Alterations of the Intestinal Barrier in Patients With Autism Spectrum Disorders and in Their First-degree Relatives. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2010; 51(4): 418-24. https://doi.org /10.1097/MPG.0b013e3181dcc4a5
  31. Souza N, Mendonça J, Portari G, Jordao A, Marchini J, Chiarello P. Intestinal permeability and nutritional status in developmental disorders. Altern Ther Health Med. 2012; 18(2):19-24.
  32. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, Group P. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. J Clin Epidemiol. 2009; 62(10): 1006-12. https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2009.06.005  
  33. Santos CMdC, Pimenta CAdM, Nobre MRC. The PICO strategy for the research question construction and evidence search. Rev Latino-Am Enferm. 2007; 15: 508-11. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692007000300023
  34. Knivsberg AM, Reichelt KL. A Randomised, Controlled Study of Dietary Intervention in Autistic Syndromes. Nutr Neurosci. 2002; 5(4): 251-61. https://doi.org/10.1080/10284150290028945
  35. Reichelt WH, Knivsberg A, Nodland M, Stensrud M, Reichelt KL. Urinary peptide levels and patterns in autistic children from seven countries, and the effect of dietary intervention after 4 years. Dev Brain Dysfunct. 1997; 10: 44-55.
  36. Whiteley P, Haracopos D, Knivsberg A, Ludvig K, Parlar S, Jacobsen J, et al. The ScanBrit randomised, controlled, single-blind study of a gluten- and casein-free dietary intervention for children with autism spectrum disorders. Nutr Neurosci. 2010; 13(2): 87-100. https://doi.org/10.1179/147683010X12611460763922
  37. Reichelt K, Ekrem J, Scott H. Gluten, milk proteins and autism: Dietary intervention effects on behavior and peptide secretion. J Appl Nutr. 1990; 42(1): 1-11.
  38. Cade R, Privette M, Fregly M, Rowland N, Sun Z, Zele V, et al. Autism and Schizophrenia : Intestinal Disorders. Nutr Neurosci. 2000; 3(1): 37-41. https://doi.org/10.1080/1028415X.2000.11747303
  39. Knivsberg AM, Reichelt KL, Magne N. Autistic Syndromes and Diet: a follow ‐ up study. Scand J Educ Res. 1995; 39(3): 223-36. https://doi.org/10.1080/0031383950390304
  40. Herbert MR, Buckley JA. Autism and Dietary Therapy: Case Report and Review of the Literature. J Child Neurol. 2013; 28(8): 975-82. https://doi.org/10.1177/0883073813488668
  41. Knivsberg AM, Reichelt KL, Nødland M. Dietary Intervention for a Seven Year Old Girl with Autistic Behaviour. Nutr Neurosci. 1999; 2(6): 435-9. https://doi.org/10.1080/1028415X.1999.11747297
  42. Hsu CL, Lin CY, Chen CL, Wang CM, Wong MK. The effects of a gluten and casein-free diet in children with autism: a case report. Chang Gung Med J. 2017; 32(4): 459-65.
  43. Audisio A, Laguzzi J, Lavanda I, Leal M, Herrera J, Carrazana C, et al. Mejora de los síntomas del autismo y evaluación alimentaria nutricional luego de la realización de una dieta libre de gluten y caseína en un grupo de niños con autismo que acuden a una fundación. Nutr Clín Diet Hosp. 2013; 33(3): 39-47. https://doi.org/10.12873/333glutencasein
  44. Pennesi CM, Klein LC. Effectiveness of the gluten-free, casein-free diet for children diagnosed with autism spectrum disorder: Based on parental report. 2012;15(2):85-91. https://doi.org/10.1179/1476830512Y.0000000003
  45. Hyman SL, Stewart PA, Foley J, Peck R, Morris DD, Wang H, et al. The Gluten-Free/ Casein-Free Diet : A Double-Blind Challenge Trial in Children with Autism. J Autism Dev Disord. 2016; 46(1): 205-20. https://doi.org/10.1007/s10803-015-2564-9
  46. Sponheim E. Gluten-free diet in infantile autism. A therapeutic trial. Tidsskr Nor Laegeforen. 1991; 111(6): 704-7.
  47. Elder JH, Shankar M, Shuster J, Theriaque D, Burns S, Sherrill L. The Gluten-Free, Casein-Free Diet In Autism : Results of a Preliminary Double Blind Clinical Trial. J Autism Dev Disord. 2006; 36(3): 413-20. https://doi.org/10.1007/s10803-006-0079-0
  48. Seung H, Rogalski Y, Shankar M, Elder JH. The Gluten-and Casein-Free Diet and Autism: Communication Outcomes From a Preliminary Double-Blind Clinical Trial. J Med Speech Lang Pathol. 2007; 15(4): 337-45.
  49. Johnson CR, Handen BL, Zimmer M, Sacco K, Turner K. Effects of Gluten Free / Casein Free Diet in Young Children with Autism: A Pilot Study. J Dev Phys Disabil. 2011; 23: 213-25. https://doi.org/10.1007/s10882-010-9217-x
  50. Harris C, Card B. A pilot study to evaluate nutritional influences on gastrointestinal symptoms and behavior patterns in children with Autism Spectrum Disorder. Complement Ther Med. 2012; 20(6): 437-40. https://doi.org/10.1016/j.ctim.2012.08.004
  51. Irvin DS. Using analog assessment procedures for determining the effects of a gluten-free and casein-free diet on rate of problem behaviors for an adolescent with autism. Behav Interv. 2006; 21(4): 281-6. https://doi.org/10.1002/bin.205
  52. Price DD, Finniss DG, Benedetti F. A Comprehensive Review of the Placebo Effect: Recent Advances and Current Thought. Annu Rev Psychol. 2008; 59(1): 565-90. https://doi.org/10.1146 / annurev.psych.59.113006.095941
  53. Cañon-Montañez W. El método científico en las ciencias de la salud. Rev Cuid. 2011; 2(1): 94-5. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.v2i1.43
  54. Whiteley P, Shattock P, Knivsberg A-M, Seim A, Reichelt KL, Todd L, et al. Gluten- and casein-free dietary intervention for autism spectrum conditions. Front Hum Neurosci. 2012; 6: 344. https://doi.org/10.3389/fnhum.2012.00344