Rev Cuid. 2024; 15(1): e3139

http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.3139

CASE STUDIES

Teoria de Peplau para a telenfermagem com à família de pacientes com COVID-19

Peplau's theory for telenursing with the family of patients with COVID-19

Teoría de Peplau para la teleenfermería con la familia de pacientes con COVID-19

Centro Universitário Santo Agostinho, Teresina-PI, Brasil. E-mail: andressaoliveiramorais@hotmail.com Autor de correspondência Andressa Oliveira das Chagas Morais
Centro Universitário Santo Agostinho, Teresina-PI, Brasil. E-mail: analiviacbranco@hotmail.com Ana Lívia Castelo Branco de Oliveira

Highlights


 

Como citar este artigo: Morais, Andressa Oliveira das Chagas; Oliveira, Ana Lívia Castelo Branco de. Teoria de Peplau para a telenfermagem com à família de pacientes com COVID-19. Revista Cuidarte. 2024;15(1):e3139. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.3139

Recebido: 18 de abril de 2023
Aceito:
3 de março de 2024
Publicado:
19 de abril de 2024

CreativeCommons 

E-ISSN: 2346-3414


Resumo

Introdução: Os desafios assistenciais trazidos pela pandemia por COVID-19 exigiram dos enfermeiros novas habilidades no enfrentamento de demandas de saúde. Além disto, este profissional surge como importante ferramenta através do relacionamento terapêutico. Assim, podem ser vistos como uma ponte de apoio entre familiares e pacientes. Objetivo: Conhecer a perspectiva de enfermeiros sobre a telenfermagem como terapêutico no contexto de familiares de pacientes com COVID-19 e discutir à luz da teoria das relações interpessoais de Peplau. Materiais e Métodos: Estudo transversal, exploratório, de abordagem qualitativa dos dados, realizado em umhospital geral privado em Teresina-PI, em 2022, com entrevista semiestruturada. Seguido de estrutura reflexiva com utilização e construto teórico filosófico da teoria das relações interpessoais de Hildegard Peplau, de 1952. Resultados: Os enfermeiros percebem a assistência remota como importante ferramenta para o suprimento de necessidades psíquicas e sociais da família dos pacientes com COVID-19. Na oportunidade, os enfermeiros lançam o olhar sobre os familiares dos pacientes vivenciarem o relacionamento terapêutico por meio das informações mediadas pela telenfermagem que incluía a descrição dos principais cuidados diários dentre outras informações. Discussão: A teoría das relações interpessoais de Peplau dá sentido à experiencia da telenfermagem na perspectiva das enfermeiras. Conclusão: A perspectiva de enfermeiros sobre o relacionamento terapêutico remoto com familiares de pacientes diagnosticados com infecção por COVID-19 envolveu o vínculo e acolhimento como pontos de desenvolvimento de confiança, o que trouxe resultados positivos aos familiares, diante das incertezas vivenciadas durante a pandemia.

Palavras-Chave: Relações Interpessoais; Telenfermagem; Cuidados de Enfermagem; COVID-19.


Abstract

Introduction: The care challenges brought about by the COVID-19 pandemic required nurses to have new skills in coping with health demands. In addition, this professional emerges as an important tool through the therapeutic relationship. Thus, they can be seen as a bridge of support between family members and patients. Objective: To know the perspective of nurses on telenursing as therapeutic in the context of family members of patients with COVID-19 and to discuss in the light of Peplau's theory of interpersonal relationships. Materials and Methods: Cross-sectional, exploratory study with a qualitative approach to the data, carried out in a private general hospital in Teresina-PI, in 2022, with a semi-structured interview. Followed by a reflective structure with the use and philosophical theoretical construct of Hildegard Peplau's theory of interpersonal relationships, from 1952. Results: Nurses perceive remote assistance as an important tool for meeting the psychological and social needs of the family of patients with COVID-19. On the occasion, the nurses look at the patients' relatives experiencing the therapeutic relationship through information mediated by telenursing, which included the description of the main daily care, among other information. Discussion: Peplau's theory of interpersonal relationships gives meaning to the experience of telenursing from the perspective of nurses. Conclusion: The perspective of nurses on the remote therapeutic relationship with family members of patients diagnosed with COVID-19 infection involved bonding and welcoming as points of development of trust, which brought positive results to family members, given the uncertainties experienced during the pandemic.

Key Words: Interpersonal Relationships; Telenursing; Nursing Care; COVID-19.


Resumen

Introducción: Los desafíos de salud planteados por la pandemia de COVID-19 exigieron nuevas habilidades de las enfermeras para enfrentar las demandas de salud. Además, este profesional emerge como una herramienta importante a través de la relación terapéutica. Por tanto, pueden verse como un puente de apoyo entre familiares y pacientes. Objetivo: comprender la perspectiva de los enfermeros sobre la teleenfermería como terapia en el contexto de familiares de pacientes con COVID-19 y discutir a la luz de la teoría de las relaciones interpersonales de Peplau. Materiales y Métodos: Estudio exploratorio transversal, con enfoque de datos cualitativos, realizado en un hospital general privado de Teresina-PI, en 2022, con entrevistas semiestructuradas. Seguido de una estructura reflexiva utilizando el constructo teórico filosófico de la teoría de las relaciones interpersonales de Hildegard Peplau, de 1952. Resultados: Los enfermeros perciben la asistencia remota como una herramienta importante para satisfacer las necesidades psicológicas y sociales de las familias de los pacientes con COVID-19. En esta ocasión, los enfermeros observan a los familiares de los pacientes que viven la relación terapéutica a través de informaciones mediadas por la teleenfermería, que incluye una descripción de los principales cuidados diarios, entre otras informaciones. Discusión: La teoría de las relaciones interpersonales de Peplau da sentido a la experiencia de teleenfermería desde la perspectiva de las enfermeras. Conclusión: La perspectiva de los enfermeros sobre la relación terapéutica a distancia con los familiares de los pacientes diagnosticados con infección por COVID-19 involucró el vínculo y la acogida como puntos de desarrollo de la confianza, lo que trajo resultados positivos para los familiares, dadas las incertidumbres vividas durante la pandemia.

Palabras Clave: Relaciones Interpersonales; Teleenfermería; Cuidado de Enfermería; COVID-19.


 

Introdução

Os desafios assistenciais trazidos pela pandemia da COVID-19 exigiram dos enfermeiros novas habilidades no enfrentamento de demandas de saúde mais complexas, tais como, dos pacientes em cuidados críticos. Os pacientes e os familiares, por sua vez, ao lidarem com as incertezas trazidas pelo vírus viram-se permeados pelo medo de perder seus familiares1. Logo, a enfermagem surge como importante ferramenta através do relacionamento terapêutico. Assim, podem ser vistos como uma ponte de apoio entre familiares e pacientes.

Neste cenário, Hildegard Peplau traz contribuições no destaque do relacionamento terapêutico que prioriza a relação compartilhada entre o enfermeiro, paciente e coletividade o que aponta para o conceito de cuidado holístico. Diante disso, as necessidades atendidas como, o diálogo, a necessidade do paciente em sair de seu leito e passear pelos corredores do hospital, ou falar com a família são atitudes que promovem o crescimento pessoal e o processo de cuidado desta relação2.

Com isso, a teorista Peplau confirma que o relacionamento entre enfermeiro-paciente-comunidade gera um crescimento mútuo com todas as experiências vividas por eles, ou seja, é a enfermagem autuando do processo de cuidado e bem-estar3.

Diante disso, o comportamento do enfermeiro que prestava assistência ao paciente com COVID-19 não foi diferente, pois devido às incertezas sobre a situação do paciente hospitalizado, a família aumentava os níveis de estresse e ansiedade. Desse modo, estudiosos trazem evidências sobre o trabalho de enfermeiros que mantinham comunicação com a família para falar da situação de seu ente e como estava se recuperando, assim a família mostrava-se mais calma e esperançosa4.

Dessa maneira, a enfermagem no exercício da relação interpessoal diz muito sobre a postura exercida com os pacientes e sua família, e assim, ao esclarecer dúvida, oferecer conselhos, transmitir conhecimentos, participar do processo do tratamento e recuperação. Tais atitudes ajudam o paciente a enfrentar e reconhecer o processo de adoecimento, o estimulando a não desistir do tratamento e a não mitigar tristeza e ansiedade5.

A partir do exposto, nota-se que a mudança de perspectiva assistencial do modelo médico hospitalocêntrico para o modelo dos determinantes de saúde possibilita uma visão ampliada das necessidades do paciente, e no caso do exercício do relacionamento terapêutico. Logo, há um enfoque especial voltado as necessidades em saúde mental que tanto corroboram para o enfrentamento de enfermidades físicas como a COVID-19, já que se trata de uma doença ainda em curso de desvelamento pela comunidade científica. Assim, o tema surge com relevância e a enfermagem ganha o diálogo com as demais ciências que estudam a natureza das relações humanas e sociais.

Logo, foi objetivo deste estudo conhecer a perspectiva de enfermeiros de um hospital geral privado em Teresina-PI sobre a telenfermagem como terapêutica no contexto de familiares de pacientes com COVID-19 e discutir à luz da teoria das relações interpessoais de Peplau.

 

Materiais e Métodos

Trata-se de uma pesquisa de campo transversal, exploratória, de abordagem qualitativa e fundamentadados dados6.Os dados foram coletados através de um aplicativo gravador de voz próprio do smartphone das pesquisadoras. Foram submetidos à transcrição manual no programa Microsoft Word 2007 e armazenados em uma pasta para posterior análise das falas.Seguido de estrutura reflexiva com utilização e construto teórico filosófico à luz teórica de Peplau na teoria das relações interpessoais. Os dados foram organizados e armazenados no Mendeley Data7.

Utilizou-se como base o cheklist Consolidated criteria for reporting qualitative research (COREQ) para métodos qualitativos8.

A teoria das relações interpessoais de Hildegard Peplau descreve o profissional enfermeiro com potencial para identificar dificuldades e problemas junto ao seu cliente/paciente e família, e ainda para solucioná-los nesse processo, o vínculo3,9.

Com isso, conclui-se que a teoria de Peplau trouxe para a enfermagem grandes contribuições visto que o profissional tem sua atenção voltada para o paciente de forma diferencial e única direcionada a boa qualidade da saúde mental10. Logo, foi escolhida como matriz para interpretação dos dados qualitativos evidenciados nas entrevistas de enfermeiros que vivenciaram a telenfermagem como recurso terapêutico junto a familiares de paciente com COVID-19.

A coleta de dados foi realizada entre maio e agosto de 2022 em um hospital geral referência para adultos no atendimento COVID-19 na cidade de Teresina, Piauí, Brasil. O serviço possui 5 Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para adultos, as quais, durante a pandemia, contavam com o serviço de informe médico e de enfermagem remoto aos familiares dos pacientes. Além disso, as UTI’s foram utilizadas para os pacientes com complicações da COVID-19; as visitas só foram permitidas após a segunda onda da doença e caso o paciente estivesse consciente e orientado. Com isso, foram prestadas assistênciasem média de 10 famílias por coordenador de UTI, pois cada enfermeira era responsável por uma UTI para um cuidado melhor.

Os participantes foram selecionados de acordo com uma amostra intencional. Os critérios deinclusão foram enfermeiros atuantes há pelo menos 6 meses nas Unidades de Terapia Intensiva, que trabalharam na assistência de pacientes críticos, além de gestores e supervisores locais. Os critérios de exclusão foram enfermeiros afastados ou redirecionados do setor alvo por contaminação ou comorbidades; enfermeiros que se recusassem assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); enfermeiros que não deram feedback as pesquisadoras sobre os encontros das entrevistas.

Foram realizadas 5 entrevistas que variaram entre 8 e 18 minutos sendo acordados data e horário via whatsappentre entrevistado e pesquisador. As gravações dos áudios foram realizadas por duas pesquisadoras por meio de um aparelho smartphone. Cada participante escolheu seu local de entrevista em espaço reservado, na própria instituição e livre da presença de terceiros. O turno da tarde foi adotado pela maioria das entrevistadas pelo fluxo diminuído de atividade que realizavam, sendo orientadas sobre a disponibilidade do tempo e liberdade de fala conforme necessitassem.

A coleta de dados foi mediada por dois roteiros de entrevistas semiestruturadas construídos a partir do referencial teórico adotado com pré-teste da qualidade do som na gravação. O roteiro adotou variáveis de caracterização sociodemográfica e ocupacionais. Em seguida o roteiro de perguntas: Como aconteceu a assistência remota? Como se deu o feedback das famílias dos pacientes à assistência de enfermagem remota?

Após a coleta dos dados, as falas foram codificadas manualmente em E1, E2, E3, E4 e E5, em uma tabela criada no programa Microsoft Word permitindo o anonimato das participantes e o contexto foi discutido junto à literatura científica sobre o tema. Logo, as falas foram organizadas por semelhanças, em seguida, realizou-se a análise de conteúdo para a correta extração dos conceitos e evidências relevantes que se assemelharamcom a perspectiva da teoria das Relações interpessoais de Pelplau3,11.

O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (UFPI) através do nº do Parecer 4.987.111. O planejamento e execução foram subsidiados pelas Resoluções do Conselho Nacional de Saúde n° 466/12, 510/16 e 580/18, quando foram obedecidos os critérios para pesquisas realizadas com seres humanos12-14.

 

Resultados

Foram 5 profissionais enfermeiras, todas do sexo feminino e com experiencial assistencial e de responsabilidade técnica (gestão) de unidades de terapia intensiva no serviço mencionado. As entrevistas possibilitaram evidências sobre a perspectiva dos enfermeiros que operacionalizaram a telenfermagem durante a COVID-19, sendo demonstrada nas falas a importância da relação terapêutica com a família dos pacientes acometidos por essa doença.

Diante disso, a telenfermagem surgiu a partir do momento em que as enfermeiras da unidade observaram a impossibilidade das famílias fazerem as visitas diárias e pelo elevado risco de contágio pelo vírus da COVID-19. Com isso, as famílias demonstraram bastante ansiedade, que fora mitigada diante das informações prestadas pelas enfermeiras ao entrarem em contato por meio de ligações.

Segundo as enfermeiras, durante a ligação que realizavam para trazer informações aos familiares, especialmente sobre as necessidades básicas e ações assistenciais prestadas, as famílias demonstraram feedback e se sentiam tranquilizadas nas suas aflições além de nutrirem confiança pelo cuidado especializado a seu familiar:

A avaliação positiva parece estar relacionada ao interesse do enfermeiro em encaminhar as informações do paciente à família, de incluir a família nesta relação e não somente gerar a atenção voltada ao paciente. Diante do vínculo entre o profissional e as famílias, houve pontuações sobre aspectos da enfermagem voltados à humanização da assistência a e ao cuidado holístico, como evidenciado nas falas:

O vínculo com os familiares se relaciona ao senso de gratidão por parte dos familiares marcou a percepção dos enfermeiros. Quando os pacientes tinham alta sempre agradeciam e queriam conhecer melhor o profissional que prestou a assistência:

Essa forma de acolhimento para a família gerou mais tranquilidade mesmo quando o paciente foi a óbito, já que teve todo o cuidado da equipe médica e da enfermagem. Eles se sentiam acolhidos, pois mesmo que distantes a enfermagem os mantinham por perto, como percebido no discurso dos participantes:

Além do vínculo criado, os profissionais entrevistados relataram a experiência como única e positiva, sendo evidenciada nas falas a importância do relacionamento do enfermeiro junto a família do paciente o que caracteriza experiências de vínculo positivo para o familiar e para o profissional que prestou a assistência remota.

 

Discussão

As falas dos participantes trouxeram dados que evidenciaram a telenfermagem nas instituições e as possibilidades terapêuticas construídas pela enfermagem pelo fortalecimento do vínculo terapêutico. Logo, enfatiza-se a relação entre os familiares e a enfermagem, no sentido de demonstrar a gratidão pelo trabalho das equipes que cuidavam dos pacientes.

As falas apontam para a comunicação terapêutica exercitada através da telenfermagem. A importância da comunicação, meta global para segurança do paciente tem sido foco de estudos com profissionais em cenário de Unidades de Terapia Intensiva que atenderam a pacientes diagnosticados com COVID-19. O tratamento humanizado dispensado pelos enfermeiros na Unidade de Terapia Intensiva COVID-19 deve priorizar a integralidade, ter caráter holístico, envolvendo paciente e familiar, subsidiado pela comunicação com o objetivo de promover melhorias ao paciente15,16.

Nos depoimentos levantados há ênfase no saldo positivo do estreitar de vínculo entre profissionais e familiares no sentido de programarem junto as ações durante o processo de cuidar. Esta característica da assistência também foi percebida e refletida em outro estudo que trouxe como conclusão que envolvimento ativo da família mostra melhora no quadro geral do paciente17.

Assim, aspectos relacionados à humanização fizeram parte da percepção dos enfermeiros participantes que relataram a experiencia da telenfermagem como única e marcante e foram percussores do vínculo terapêutico.

Diante disto, é importante ressaltar o amparo vindo da equipe que cuida do seu ente querido, com uma atuação adaptada à realidade de cada um prestando um apoio humanizado, um atendimento acolhedor, gerando relações interpessoais e muito diálogo18.

A telenfermagem no contexto da relação enfermeiro-familia também foi foco em estudo em uma unidade de saúde na cidade de Manaus, Brasil. O vínculo auxiliou no controle de aglomerações de pessoas na área externa da unidade em espera de notícias. Esse contato por ligação era muito bem combinado em dias e horários19.

Entre as ações para realizar este contato cita-se: analisar os dados pessoais, verificar prontuário, efetuar ligação ao responsável cadastrado no prontuário do paciente, certificar-se de que a pessoa que receberá a notícia está em lugar e momento adequado, ouví-lo com atenção e solicitar suporte emocional profissional20.

Esse estudo ressalta ainda que, havia o senso de gratidão mesmo nos desfechos negativos para o paciente, como no caso de óbitos. Para que a assistência aconteça dentro da integralidade do paciente e segundo a humanização faz-se necessário que o enfermeiro da Unidade de Terapia Intensiva realize um bom planejamento, e isto inclui a família na execução dos cuidados visando uma boa recuperação do paciente. Tal atitude emana dos familiares e pacientes sentimento de gratidão19.

O estudo da relação interpessoal em contextos assistenciais tem sido explorado à luz de construtos teóricos21. Nesse sentido, sugere-se pensar o relacionamento terapêutico proporcionado pela telenfermagem sob a ótica da teoria das relações interpessoais de Pepalu.

Teoria das relações interpessoais de Hildegard Peplau descreve o profissional enfermeiro com potencial para identificar dificuldades e problemas junto ao seu cliente/paciente e família, e ainda para solucioná-los, nesse processo o vínculo9. A teoria de Peplau trouxe para a enfermagem grandes contribuições visto que o profissional tem sua atenção voltada para o paciente de forma diferencial e única direcionada a boa qualidade da saúde mental10.

Conforme os achados neste estudo, nota-se as fases que compõem a teoria supracitada de modo transversal. A fase de identificação pôde ser percebida à medida que a família se identificava com um enfermeiro depositando confiança e desenvolvendo um vínculo terapêutico22.Em ajudá-la a ter informações sobre a situação de saúde de seu ente querido, e por meio da ligação telefônica era realizada essa troca de afeto onde enfermeiro tirava todas as dúvidas, fortalecia pensamentos positivos, auxiliava a família no enfrentamento do problema e, além disso, transmitia tranquilidade.

A primeira fase da teoria das relações interpessoais é a fase orientação, acontece quando o paciente busca pela ajuda do enfermeiro para solucionar um problema ou necessidade e junto a família surge essa aproximação3,9. Logo, a fase é percebida no momento de isolamento social, o uso da tecnologia em enfermagem foi o que aproximou a família deste profissional. O desejo era por aliviar o medo e aflição do distanciamento. Neste aspecto, o boletim de enfermagem representou a humanização.

Na fase identificação, o paciente chama pelo enfermeiro de sua confiança para o ajudar em alguma dificuldade e o profissional o motiva e estimula a lidar com o percurso terapêutico3,9. Fase que foi expressa pelo senso de gratidão dos familiares pelo acolhimento dos enfermeiros. A informação era sobre os cuidados relacionados às necessidades humanas do ente-querido, tais como comer, respirar, mobilizar-se, integridade da pele e outras.

Na fase três, exploração, o enfermeiro ajuda o paciente a solucionar seu problema utilizando o diálogo e dicas para esclarecer e ensinar a como o paciente poderá fazer em relação a sua dependência ou independência3,9. Aqui, nota-se a importância da comunicação entre profissionais e familiares, que pode envolver processos de educação, além disso intervenções de enfermagem como o auxílio no enfrentamento da ansiedade.

E na fase quatro, resolução, o vínculo entre enfermeiro e paciente é desfeito após o paciente solucionar seu problema e/ou atingir sua independência3,9. Neste momento houve o desfecho do paciente como recuperação o óbito o que ainda manteve o senso de gratidão ao profissional, pois a telenfermagem possibilitou o acompanhamento da trajetória terapêutica.

Diante destas reflexões, a teoria das relações interpessoais de Peplau vem trazer significados à experiência da telenfermagem na perspectiva dos enfermeiros, demonstrando o potencial da enfermagem para a promoção da saúde dos pacientes e dos seus familiares, tão importantes no processo terapêutico.

 

Conclusões

A perspectiva de enfermeiros sobre o relacionamento terapêutico remoto com familiares de pacientes diagnosticados com infecção por COVID-19 percebido à luz de Peplau envolveu o vínculo e acolhimento como pontos de desenvolvimento de confiança, o que trouxe resultados positivos aos familiares, diante das incertezas vivenciadas durante a pandemia.

O uso de tecnologias assistenciais traz a resolução de problemas bem como melhorias do processo de cuidar pois considera a visão ampla das necessidades do paciente e de seus familiares. Além disso, o desenvolvimento da assistência sob a perspectiva filosófica amplia a compreensão e reflexão necessária à evolução do cuidado.

A enfermagem desponta com grande relevancia no cenário da COVID-19 e merece ser alvo de novos estudos no sentido de enfatizar novas práticas assistenciais bem como o desenvolvimento da visão holística que inclui as necessidades psiquicas e sociais dos pacientes, com grande impacto em sua condição física.

Conflictos de Interés: Os autores não têm conflito de interesses.

Financiamento: Sem financiamento.

 

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