Acesso e aguardo pela estomização segundo pessoas com câncer colorretal: estudo etnográfico
DOI:
https://doi.org/10.15649/cuidarte.1175Palabras clave:
Neoplasias Colorretais, Acesso aos Serviços de Saúde, Sistema Único de Saúde, Medicalização, Sociologia MédicaResumen
- Os sinais e sintomas (frequentemente não conclusivos) marcam a fronteira da normalidade e anormalidade e início das histórias contadas, suscitando uma crescente dependência de discursos e instâncias biomédicas.
- As pequenas narrativas ancoradas ao método etnográfico permitiram aos depoentes refletirem sobre uma cultura preventiva e de cuidados a saúde fragilizadas.
- Tensões como o sentido "paguei no particular" e a mobilização de uma rede informal para agilizar o atendimento modelam o acesso e o descrédito quanto ao sistema público.
- Ante as narrativas de acesso e aguardo de pessoas com câncer colorretal, interpretou-se a perda do processo de "paciência-resiliência", com deterioração da primeira e aspiração á segunda.
Objetivo: Conhecer o acesso e aguardo pela estomização de pessoas adoecidas por câncer colorretal no nível terciário do Sistema Único de Saúde. Materiais e Métodos: Estudo etnográfico fundamentado na Sociologia da Saúde, com 8 familiares e 14 adoecidos em Centro de Alta Complexidade em Oncologia, Brasil. Os dados foram coletados entre outubro de 2018 a março de 2019, com observação participante e não participante, registro em diário de campo e entrevista semiestruturada. Os depoimentos e notas etnográficas após triangulação foram submetidos a análise indutiva de conteúdo em seis etapas. Resultados: Apreenderam-se “A história do adoecimento entrecortada pelas dificuldades” e “As perdas no processo de paciência-resiliência no percurso”. Discussão: Em busca de validações biomédicas foram reportados três tipos de acesso ao sistema médico, assim como os subsentidos “paguei no particular” e atraso diagnóstico mobilizaram via oficial e não oficial no Sistema Único de Saúde. O capital social foi analisado como premente no adoecimento, uma rede de contatos sem a qual o acesso dos usuários é impactado. No nível terciário enquanto aguardam pela estomização desvelou-se a resiliência não como recurso heroico, mas como recurso pessoal e coletivo diante do percurso dificultoso e da semi-reclusão na instituição total onde vivenciam medos, fadiga e dores. Conclusão:O acesso contou com mobilização relacional e uma gama de vias até a internação com parte do percurso na saúde suplementar, já o aguardo pela estomização mitiga a paciência ao passo que torna a resiliência um recurso benéfico na espera pela programação cirúrgica.
Como citar este artigo: Correa Júnior, Antonio Jorge Silva; Souza, Thaís Cristina Flexa; de Santana, Mary Elizabeth; Sonobe, Helena Megumi; Pimentel, Ingrid Magali de Souza; Carvalho, Jacira Nunes. Acesso e aguardo pela estomização segundo pessoas com câncer colorretal: estudo etnográfico. Revista Cuidarte. 2022;13(3):e1175. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.1175
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